30 de mar. de 2010

O que era a Crucificação ?


Crucificação ou crucifixão era um método de execução tipicamente romano, primeiramente reservado a escravos. Crê-se que foi criado na Pérsia, sendo trazido no tempo de Alexandre para o Ocidente, sendo então copiado dos cartagineses pelos itálicos. Neste ato combinavam-se os elementos de vergonha e tortura, e por isso o processo de era olhado com profundo horror. O castigo da crucificação começava com flagelação, depois do criminoso ter sido despojado de suas vestes. No azorrague os soldados fixavam os pregos, pedaços de ossos, e coisas semelhantes, podendo a tortura do açoitamento ser tão forte que às vezes o flagelado morria em consequência do açoite.O flagelo era cometido o réu estando preso a uma coluna.
No ato de crucificação a vítima era pendurada de braços abertos em uma cruz de madeira, amarrada ou, raramente, presa a ela por pregos perfurantes nos punhos e pés. O peso das pernas sobrecarregava a musculatura abdominal que, cansada, tornava-se incapaz de manter a respiração, levando à morte por asfixia. Para abreviar a morte os torturadores às vezes fraturavam as pernas do condenado, removendo totalmente sua capacidade de sustentação, acelerando o processo que levava à morte. Mas era mais comum a colocação de "bancos" no crucifixo, que foi erroneamente interpretado como um pedestal. Essa prática fazia com que a vítima vivesse por mais tempo. Nos momentos que precedem a morte, falar ou gritar exigia um enorme esforço.
As palavras em grego e latim para "crucificação" se aplicam a diferentes formas agonizantes de execução, do empalamento em estacas, fixado em árvores (o mais comum), em postes, em patíbulos ou vigas transversas. Se em viga transversa, esta seria carregada pelo condenado sobre seus ombros até o local da execução. Um cruz inteira pesava mais de 130 kg. A viga transversa podia pesar entre 35 e 60 kg.
A maior crucificação de que se tem notícia ocorreu em 71 a.C., ao tempo de Pompeu, em Roma. Dominada a revolta de 200.000 escravos sob o comando de Espártaco (a Terceira Guerra Servil), as legiões romanas, furiosas, num só dia, crucificaram perto de 6.000 dos revoltosos vencidos.

29 de mar. de 2010

As Profecias cumpridas a respeito de Jesus


O cumprimento das antigas profecias

Segundo o cristianismo, o Messias enviado por Deus para salvar o seu povo cumpriria tudo o que foi dito a respeito dele por parte do Senhor através dos profetas, como por exemplo:
Nasceria em Belém de Judá (Miquéias 5:2)
de uma virgem (gr. phanteros) (Isaías 7:14)
por intermédio de Deus (Salmos 2:7)
descendente de Jacó (Números 24:17)
da tribo de Judá (Gênesis 49:10)
iria para o Egito (Oséias 11:1)
surgiria da Galiléia (Isaías 9:1)
um mensageiro prepararia o seu caminho (Malaquias 3:1) clamando no deserto (Isaías 40:3)
o Espírito de Deus iria repousar sobre Ele (Isaías 11:2)
faria profecias (Deuteronômio 18:18)
abriria os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos (Isaías 35:5)
curaria os coxos e os mudos (Isaías 35:6)
falaria em parábolas (Salmos 78:2)
mesmo sendo pobre, seria aclamado rei, em um jumento (Zacarias 9:9)
seria rejeitado (Salmos 118:22)
traído por um amigo (Salmos 41:9)
por trinta moedas de prata (Zacarias 11:12)
moedas essas que seriam dadas a um oleiro (Zacarias 11:13)
seria ferido, e depois abandonado por seus discípulos (Zacarias 13:7)
seria acusado injustamente (Salmos 35:11)
seria ferido pelas nossas transgressões (Isaías 53:5)
não responderia aos seus acusadores (Isaías 53:7)
seria cuspido e esbofeteado (Isaías 50:6)
seria zombado depois de preso (Salmos 22:7,8)
teria os pés e mãos transpassados (Salmos 22:16)
na terra dos seus amigos (Zacarias 13:6)
junto com transgressores (Isaías 53:12)
oraria pelos seus inimigos (Salmos 109:4)
seria rejeitado e ferido por nossas iniquidades (Isaías 53:3-5)
lançariam sortes para repartir as suas vestes (Salmos 22:18)
o fariam beber vinagre (Salmos 69:21)
clamaria a Deus no seu desamparo (Salmos 22:1)



entregaria seu espírito a Deus (Salmos 31:5)
não teria os ossos quebrados (Salmos 34:20)
a Terra se escureceria, mesmo sendo dia claro (Amós 8:9,10)
um rico o sepultaria (Isaías 53:9)
assim como Jonas ficou três dias dentro do grande peixe (Jonas 1:17; Mat.16:21; Lucas 11:30)
Ele ressuscitaria (Salmos 30:3)
no terceiro dia (Oséias 6:2)
subindo também aos céus (Salm. 68:18; Atos 1:11)
e sendo recebido pelo seu Pai, à sua direita (Salm. 110:1; Atos 7:55)
Então, aproximadamente dois mil anos atrás, Jesus Cristo teria vindo ao mundo e teria cumprido essas profecias a respeito de sua primeira vinda.

28 de mar. de 2010

Destruição de Jerusalém


Não deve ter sido fácil para Jesus anunciar a futura destruição do Templo de Jerusalém, que veio a acontecer quarenta anos depois, no ano 70.

Na Bíblia hebraica, o Templo é chamado Beit Hamikdash, que significa «Casa Santa». E também Beit Adonai («Casa de Deus»).

E alguns observavam com orgulho que "o Templo estava ornado com belas pedras e preciosas ofertas" .

Por isso, foi com tristeza que Jesus lhes anunciou: ««Dias virão em que, de tudo o que estais a ver. não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído»".

Como é que tudo aconteceu? Foram anos difíceis, na Palestina, com muitas injustiças e violências por parte dos romanos contra osJudeus. Todavia, no ano 68. começou uma guerra civil entre os próprios Judeus.

O primeiro grande historiador da Igreja, Eusébio de Cesareia, refere que os cristãos, a determinado momento, fugiram da cidade, e refugiaram-se em Pella, na Transjordânia, desligando-se assim do destino nacional de Israel. A comunidade de Jerusalém tentou até ao fim manter o contacto com os Judeus e conseguir a sua conversão a Jesus Cristo. Mas, quando viu que nada mais podia fazer, abandonou Israel ao seu destino.

Até que, na Páscoa do ano 70, o general Tito, filho do novo imperador, Vespasiano, cercou Jerusalém, onde entrou algum tempo depois. No dia 8 de Agosto. foram incendiadas as portas do Templo, facilitando a entrada das tropas. no dia seguinte.

Tito que depois foi também Imperador, tinha a intenção de impedir a destruição do Templo. No entanto, no dia 10. um soldado atirou um archote a arder para uma das salas do Templo. Ainda tentaram apagar as chamas. mas a grande confusão que se gerou impediu que o incêndio fosse extinto.

No Templo, o lugar mais sagrado, separado por uma grande cortina, que não deixava entrar a luz, era o «Santo dos Santos», onde só podia entrar o Sumo-sacerdote, uma vez por ano, com um turíbulo fumegante de incenso.

Mas, antes de ter sido consumido pelo fogo, Tito e alguns dos seus oficiais conseguiram lá entrar, movidos por grande curiosidade. Antes ainda, passaram pelo «Santo», onde estava o candelabro de ouro de sete braços, que foi roubado, e figurou no cortejo triunfal de Tito, no seu regresso a Roma, no ano seguinte.

Entretanto, em Setembro desse ano, a cidade foi saqueada e arrasada; as muralhas foram abatidas, ficando de pé apenas algumas secções (como a que hoje se chama «Muro das Lamentações»).

Para os Judeus, a queda de Jerusalém representou o fim de uma era e um corte definitivo com o passado. Mas a cidade não foi esquecida, o que se deve em grande parte aos cristãos espalhados pelo mundo, que levaram consigo o anúncio de Jesus e também a memória da Cidade Santa, que nunca será apagada dos Evangelhos.

Mas qual foi a intenção de Jesus, ao anunciar, com grande espanto dos que O ouviam, a futura queda de Jerusalém? Antes de mais, Jesus quer advertir os discípulos para que não confundam a destruição do Templo de Jerusalém com o seu retorno no fim dos tempos, como Filho do Homem e Juiz da história. O fim deste mundo acontecerá um dia, certamente. mas numa hora marcada por Deus, e não pelos homens.

Simultaneamente, Jesus adverte também que, "antes de tudo isto", isto é, antes do fim do mundo, os seus discípulos serão muitas vezes incompreendidos e perseguidos, como Ele próprio o foi.

Mas, assim como Jesus virá a ser glorificado pelo Pai, também os discípulos serão ajudados e fortalecidos, para que sejam fiéis até ao fim. sem fraquejar nem desistir. Jesus conta com a nossa fidelidade e constância. Vemos, portanto, que, ao anunciar este e outros acontecimentos trágicos ou dolorosos - guerras, fomes. epidemias, terramotos - Jesus deseja fortalecer os seus discípulos, e animá-los a estarem preparados para tudo. Por isso nos diz. no final: "«Pela vossa perseverança, salvareis as vossas almas»".

Não podemos desistir, nem desanimar, nem afrouxar a nossa fé, nem diminuir a nossa entrega, mas confiar sempre, mesmo no meio de provas e dificuldades. Há momentos na história em que não há propriamente perseguições, mas um clima, envolvente de desinteresse ou descrença, que nos pode afectar e entristecer.

Se verificamos que se tornam habituais comportamentos que revelam uma grande desordem moral e ética - constantes desonestidades e fraudes, suspeitas de abusos, etc. - podemos ser tentados a pensar que não há nada a fazer, e que o melhor é desistir. Mas aqui podemos recordar, em primeiro lugar, o que dizia a profecia de Malaquias, que ouvimos na lª leitura. «Malaquias» significa: «o meu mensageiro»( 1, 1; 3, 1). Em nome de Deus, o profeta anuncia que "há-de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha", e "serão como a palha todos os soberbos e malfeitores".

O mal arderá facilmente, e dele não restará nada. Mas, para os que temem a Deus e O amam. "nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação".

Assim como o sol traz luz e calor à Terra e a todas as criaturas, assim também Deus dará aos que lhe são fiéis conforto, alegria e luz, que dissipará para sempre toda a escuridão.

Entretanto, podemos aplicar também ao momento presente o que dizia S. Paulo, na 2ª leitura. Não podemos ficar de braços cruzados, à espera da vinda de Jesus. É preciso continuar a trabalhar, com intensidade, competência e dedicação.

Mas, além disso, é preciso evangelizar, sem desânimo, é preciso anunciar Jesus e a sua Palavra, que é luz e sentido para a vida dos homens. Está a decorrer em França um grande inquérito promovido pelo jornal «La croix» sobre «os novos caminhos da fé desde agora até ao ano 2020». A uma das perguntas, sobre qual é a principal missão da Igreja, a grande maioria dos católicos franceses responde: «lutar contra a pobreza». E só um em cada três responde: «Dar a conhecer a mensagem de Cristo».


Pensando nas dificuldades e nas perseguições, Jesus dizia: "«Assim tereis ocasião de dar testemunho»". É preciso que esse testemunho continue a ser dado: se necessário, com o dom da vida, com o martírio, como muitos fizeram ao longo dos séculos.

E sempre com a alegria da fé, com a serenidade da esperança, com o vigor da caridade. É desse modo que aguardamos e antecipamos, na nossa vida corrente e na história do mundo, «a última vinda de Cristo Salvador».

27 de mar. de 2010

Podemos confiar no livro Profético de Daniel ?


Há pelo menos três bons motivos para acreditarmos que o livro de Daniel é confiável do ponto de vista histórico e que de fato foi escrito no 6º século antes de Cristo:

1) A arqueologia tem reconstruído as informações históricas do livro de Daniel.

a) Toda a história desse profeta hebreu se passa na cidade de Babilônia. Os críticos da Bíblia afirmavam que se Babilônia realmente houvesse existido, não passaria de um pequeno clã. A arqueologia demonstrou o oposto. Os resultados dos estudos do arqueólogo alemão Robert Koldewey, feitos entre 1899 e 1917, provaram que Babilônia era um grande centro econômico e político no Antigo Oriente Médio na metade do 1º milênio a.C. (600 a.C.).

b) Outro ponto de questionamento era sobre a existência ou não de Nabucodonosor, rei de Babilônia na época do profeta Daniel. Mais uma vez a arqueologia resolveu a questão trazendo à luz muitos tabletes que foram encontrados nas ruínas escavadas por Koldewey com o nome Nabu-Kudurru-Usur, ou seja, Nabucodonosor! Não é incrível como um tablete de 2.600 anos consegue esmiuçar teorias fundamentadas no silêncio?

c) Assim como a opinião dos críticos teve que ser radicalmente mudada a respeito de Babilônia e de Nabucodonosor, o mesmo aconteceu com Belsazar, o último rei da Babilônia. Críticos modernos não concordavam com essa informação. Novamente a arqueologia refutou essa opinião. Vários tabletes cuneiformes confirmam que Nabonido, o último rei de Babilônia, deixou seu filho Bel-Shar-Usur (Belsazar) cuidando do Império enquanto ele estava em Temã, na Arábia. Você pode confirmar em Daniel 5:7 que Belsazar ofereceu para Daniel o terceiro lugar no reino, já que o pai, Nabonido, era o primeiro e ele, Belsazar, o segundo.

d) Até os amigos de Daniel estão documentados nos tabletes cuneiformes da antiga Babilônia. Foi descoberto um prisma de argila, publicado em 1931, contendo o nome dos oficiais de Nabucodonosor. Três nomes nos interessam: Hanunu (Hananias), Ardi-Nabu (Abed Nego) e Mushallim-Marduk (Mesaque). Incrível! Os mesmos nomes dos companheiros de Daniel mencionados nos capítulos 1, 2 e 3 de seu livro! Um grande defensor dessa associação é o adventista e especialista em estudos orientais William Shea, em seu artigo: “Daniel 3: Extra-biblical texts and the convocation on the plain of Dura”, AUSS 20:1 [Spring, 1982] 29-52. Hoje esse artefato encontra-se no Museu de Istambul, na Turquia.

Resumindo: as informações históricas do livro de Daniel são confirmadas pela arqueologia bíblica.

2) Por muitos anos os defensores da composição do livro de Daniel no 2º século a.C. se valeram das palavras gregas do capítulo 3 para “confirmar” a autoria da obra no período helenístico. Essa opinião apresenta dois problemas sérios:

a) Há ampla documentação do relacionamento entre os gregos e os impérios da Mesopotâmia antes mesmo do 6º século a.C. Nos registros do rei assírio Sargão II, por exemplo, fala-se sobre cativos da região da Macedônia (Cicília, Lídia, Ionia e Chipre). Se os judeus em Babilônia eram solicitados para tocar canções judaicas (Salmo 137:3), por que não imaginar o mesmo com os gregos? Um poeta grego chamado Alcaeus de Lesbos (600 a.C.) menciona que seu irmão Antimenidas estava servindo no exército de Babilônia. Logo, não nos deve causar espanto algum o fato de termos na orquestra babilônica instrumentos gregos.

b) Se o livro de Daniel foi escrito durante o período de dominação grega sobre os judeus, por que há apenas três palavras gregas ao longo de todo o livro? Por que não há costumes helenísticos em nenhum dos incidentes do livro numa época em que os judeus eram fortemente influenciados pelos filósofos da Grécia? Esse fato parece negar uma data no 2º século a.C.

Resumindo: o fato de existirem palavras gregas no terceiro capítulo de Daniel não prova sua composição no 2º século a.C., pelo contrário, intercâmbio cultural entre Babilônia e Grécia era comum antes mesmo do 6º século a.C.

3) Daniel foi escrito em dois idiomas: hebraico (1:1-2:4 e 8:1-12:13) e aramaico (2:4b-7:28).

Diversos nomes no estudo do aramaico bíblico (Kenneth Kitchen, Gleason Archer Jr, Franz Rosenthal, por exemplo) afirmam que o aramaico usado por Daniel difere em muito do aramaico utilizado nos Manuscritos do Mar Morto que datam do 2º século a.C. Para Archer Jr., a morfologia, o vocabulário e a sintaxe do aramaico do livro de Daniel são bem mais antigos do que os textos encontrados no deserto da Judéia. Não só isso, mas que o tipo da língua que Daniel utilizou para escrever era o mesmo utilizado nas “cortes” por volta do 7º século a.C.

Resumindo: o aramaico utilizado por Daniel corresponde justamente àquele utilizado em meados no 6º século a.C. nas cortes reais.

Qual a relevância dessas informações para um leitor da Bíblia no século 21? Gostaria de destacar dois pontos para responder esta questão:

1) Como foi demonstrado acima, Daniel escreveu seu livro muito antes do cumprimento de suas profecias. Logo, isso nos mostra a Soberania e Autoridade de Deus sobre a história da civilização. Se Deus é capaz de comandar o futuro, Ele é a única resposta para os problemas da humanidade.

2) A inspiração das Escrituras. O livro de Daniel se mostrou confiável no ponto de vista histórico e, consequentemente, profético. Essa é a realidade com toda a Bíblia, que graças a descobertas de cidades, personagens e inscrições, mostra-se verdadeira para o ser humano.

O livro de Daniel, longe de ser uma fraude, é um relato fidedigno. Ao escavarmos profundamente as Escrituras e estudarmos a História, podemos perceber que a Bíblia é um documento histórico confiável.

26 de mar. de 2010

O ossuário do Irmão de Jesus e o Silencio da mídia


Quando descobrem um fóssil duvidoso tido por algum especialista como "elo perdido" ou coisa que o valha, a mídia geralmente faz aquele estardalhaço. Por que, então, silenciaram sobre a primeira descoberta arqueológica referente a Jesus e Sua família? O ossuário (urna funerária, foto abaixo) de Tiago data do século 1 e traz a inscrição em aramaico "Tiago, filho de José, irmão de Jesus" (Ya'akov bar Yosef achui d'Yeshua). Oculto por séculos, o ossuário foi comprado muitos anos atrás por um colecionador judeu que não suspeitou da importância do artefato. Só quando o renomado estudioso francês André Lemaire viu na urna, em abril de 2002, a inscrição na língua falada por Jesus, foi que se descobriu sua importância. O ossuário foi submetido a testes pelo Geological Survey of State of Israel e declarado autêntico. Segundo o jornal The New York Times, "essa descoberta pode muito bem ser o mais antigo artefato relacionado à existência de Jesus".

Estou lendo o ótimo livro O Irmão de Jesus (Editora Hagnos, 247 p.), que trata justamente da descoberta do ossuário de Tiago. A autoria é de Hershel Shanks, fundador e editor-chefe da Biblical Archaeology Review, e de Ben Witherington III, especialista no Jesus histórico e autor de vários livros sobre Jesus e o Novo Testamento. O prefácio é do próprio Lemaire, especialista em epigrafia semítica e autoridade incontestável no assunto. Hershel conduz a história de maneira muito interessante, revelando os bastidores da descoberta e as reações a ela, afinal, o ossuário, além de autenticar materialmente o Jesus histórico, afirma que Ele tinha um irmão chamado Tiago, filho de José e, possivelmente, também de Maria. Segundo a revista Time, trata-se de "uma história de investigação científica com alta relevância para o cristianismo", talvez por isso mesmo deixada de lado por setores da mídia secular e antirreligiosa.


O livro é bom, o achado é tão tremendo quanto o dos Manuscritos do Mar Morto (na década de 1940), e eu estou fazendo minha parte, divulgando-o aqui. Vale a pena ler!

25 de mar. de 2010

A fantástica ciência do Antigo Egito


A herança deixada pelos faraós à humanidade vai muito além de pirâmides e sarcófagos dourados. Eles também nos legaram invenções sofisticadas e costumes curiosos que atravessaram os séculos e continuam vivos. Conheça todas as contribuições do povo do Nilo e descubra por que eles foram tão criativos, avançados e misteriosos

Na sala, pai e filho estão entretidos com jogos de tabuleiro e bebem cerveja em um final de tarde de domingo. A perna engessada de um deles não permitiu que fossem a uma cervejaria. No quintal, as crianças se divertem brincando de amarelinha e entre os cães de estimação que correm derredor. Em um dos quartos, duas adolescentes experimentam novos cosméticos e cremes hidratantes, enquanto conversam sobre métodos contraceptivos e o teste de gravidez que a mais velha fará no dia seguinte. No quarto principal, uma mulher divide seus pensamentos entre a contabilidade de sua padaria e o divórcio prestes a se concretizar. Para amenizar a dor de cabeça, ela toma um remédio à base de ácido acetilsalicílico, o princípio ativo da aspirina.
Se alguém perguntasse onde e quando essa cena aconteceu, a resposta poderia muito bem ser o Brasil ou os Estados Unidos há muito pouco tempo. Mas, por mais incrível que possa parecer, se alguém respondesse que a situação deu-se no Egito no tempo dos faraós, estaria absolutamente certo. A chance de momentos como esses terem ocorrido durante o reinado de Tutancâmon ou Ramsés é praticamente tão grande quando no Ocidente do século 20.
Escondidos sob a mística de pirâmides e maldições de múmias, os avanços científicos e culturais dos povos do Antigo Egito costumam surpreender mesmo a quem se considera iniciado no assunto. Diversas descobertas atribuídas a europeus pós-Renascimento fizeram parte do cotidiano daqueles que viveram às margens do Nilo muitos séculos antes de Cristo. O histórico dessa lacuna científica é complexo, rende livros e mais livros. Mas o fato é que muitas coisas que se acredita serem méritos de um passado recente na verdade são muito, mas muito mais antigas que as nossas tataravós.

Da aspirina ao teste de gravidez
Uma das revelações mais impressionantes ao estudar a herança do Antigo Egito é seu desenvolvimento em medicina e farmacologia. Em O Legado do Antigo Egito, o egiptólogo Warren R. Dawson, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, cita papiros médicos datados de até mais de 40 séculos atrás retratando procedimentos médicos e remédios usados até hoje por profissionais da área de saúde. Substâncias como óleo de rícino, ácido acetilsalicílico, própolis para cicatrização e anestésicos já eram conhecidas. Os documentos descrevem cirurgias delicadas, o engessamento de membros com ossos quebrados e todo o sistema circulatório do corpo humano.
Antonio Brancaglion, historiador do Museu Nacional do Rio de Janeiro e membro da Associação Internacional dos Egiptólogos, conta que o desenvolvimento da medicina foi motivado, principalmente, pela quebra de um mito em relação à violação do corpo humano. "Outras povos da época, como sumérios e assírios, acreditavam que, se o corpo fosse aberto, a alma escaparia. É claro que isso sempre foi um impedimento para experimentos médicos", diz Antonio. Entre os egípcios, no entanto, deu-se justamente o oposto.
A religião dos faraós deu uma senhora ajuda às descobertas médicas. "Eles acreditavam que para alcançar vida eterna a alma de seus mortos precisava de um corpo. Por isso, desenvolveram o que chamamos genericamente de mumificação", afirma. A mumificação, na verdade, é um conjunto de procedimentos químicos e físicos que visava a preservação dos corpos (veja infográfico nas páginas 48 e 49). Esses processos exigiam a retirada cirúrgica de alguns órgãos internos, que eram separados uns dos outros. Em alguns casos, eles eram tratados e recolocados no lugar. Com isso, os egípcios passaram a conhecer o interior do corpo humano de uma forma inédita até então. Localizaram cada órgão e estudaram a relação entre eles. Embora estivessem errados em algumas de suas conclusões – eles acreditavam que o coração comandava nossos pensamentos – eles descobriram várias coisas que podiam ser aplicadas aos vivos.
Um dos melhores exemplos disso é o conhecimento sobre o sistema circulatório. O corpo de Ramsés II (1279 a 1212 a.C.) teve suas veias e artérias retiradas, mumificadas e recolocadas. O hábito de tomar o pulso do paciente como forma de avaliar sua saúde é descrito no papiro Ebers, datado de 1550 a.C. "O batimento cardíaco deve ser medido no pulso ou na garganta", dizia o antigo documento, certamente um dos primeiros livros de medicina do mundo. Essa é outra inovação egípcia. Eles anotavam tudo nos chamados papiros médicos (alguns desses documentos serão citados no decorrer desta reportagem). Segundo Dawson, o conhecimento médico até então considerado era sagrado e geralmente transmitido por tradições orais. Os registros eram raríssimos. No Egito, a intensa documentação sobre os procedimentos médicos permitiu que esse conhecimento fosse passado com maior exatidão – embora não menos sagrado.
O conhecimento da circulação sanguínea é responsável por um costume que persiste até hoje: o uso da aliança de casamento. Para os egípcios, do coração partiam veias que o ligavam diretamente a cada um dos membros. Na mão esquerda, essa veia terminava no dedo anular. Acreditando que o coração era o centro de tudo e que ele está ligeiramente deslocado para o lado esquerdo do peito, os casais passaram a colocar uma fita no dedo anular esquerdo como forma de prender o coração do amado. Com o passar do tempo, essa fita foi substituída por um aro de metal que, dependendo das posses do casal, poderia ser o ouro. Bonito, não?
A mumificacão mudou muito nos mais de 3 mil anos em que foi praticada. Com ela, evoluiu também o conhecimento que tinham do cérebro. As primeiras descrições do processo indicam que o cérebro era retirado pelo nariz e jogado fora junto com o conteúdo dos intestinos dos mortos. Mas, com o tempo, os egípcios passaram a relacionar o funcionamento do órgão com a coordenação motora. Há descrições completas de procedimentos cirúrgicos intracranianos nos papiros do século 15 a.C. No entanto, só recentemente, em 2001, especialistas da Universidade de Chicago, Estados Unidos, que realizaram tomografias em ossadas encontradas em Saqqara, um dos sítios arqueológicos mais importantes do Egito, conseguiram demonstrar casos em que os crânios abertos cirurgicamente apresentavam indícios de cicatrização, o que leva a crer que o paciente sobreviveu à operação. E melhor: ele não deve nem ter sentido muita dor.
O uso de anestésicos era prática comum dos médicos da época. O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ) Mário Curtis Giordani cita em seu livro História da Antiguidade Oriental um processo de adormecimento de partes do corpo feito com a utilização de uma mistura de pó de mármore e vinagre. Antonio Brancaglion destaca os anestésicos à base de opiáceos que eram ingeridos. Esses antecessores da morfina só voltaram a fazer parte dos procedimentos cirúrgicos cerca de três séculos atrás, na Europa. Os egípcios dominavam métodos avançados para amputação de membros e cauterização e davam pontos para fechar incisões. Acredita-se que foram os primeiros a utilizar essa técnica. Os médicos eram especializados como nos dias de hoje. Quem cuidava de fraturas não mexia com problemas de pele. A especialização incluiu o aparecimento dos odontólogos. Os dentistas já usavam brocas, drenavam abscessos e faziam próteses de ouro.
E, para quem pensa que a medicina egípcia era coisa para poucos, aí vai uma nova: os trabalhadores braçais – os mesmos que empurraram pedras monumentais para construir as pirâmides – possuíam uma espécie de plano de saúde. Escavações na Cidade dos Trabalhadores – um conjunto de casas encontrado na planície de Gizé, à sombra da grande pirâmide – revelaram múmias com até 4 500 anos que receberam tratamento médico. "Eram pessoas comuns que se curaram e voltaram ao trabalho", afirma Zahi Hawass, diretor do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito. "Alguns corpos apresentavam marcas de fraturas consolidadas, membros amputados e até cirurgias cerebrais."
Outro avanço da medicina egípcia foram os métodos contraceptivos. A egiptóloga Margaret Marchiori Bakos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, diz que a maioria deles consistia na aplicação de emplastros espermicidas na vagina. O papiro Ebers relata que "para permitir à mulher cessar de conceber por um, dois ou três anos: partes iguais de acácia, caroba e tâmaras; moer junto com um henu de mel, um emplastro é molhado nele e colocado em sua carne." Um "henu" equivale a cerca de 450 mililitros. "A acácia continha goma arábica, que com a fermentação e a dissolução em água resulta em ácido lático, ainda hoje utilizado em algumas geléias contraceptivas. O mel, que também aparece no papiro Kahun, pode ter tido alguma eficácia. "Seu efeito tende a diminuir a mobilidade do espermatozóide", diz Margaret.
Quando havia suspeita de gravidez eram feitos testes com a urina. "A mulher urinava em um recipiente em que havia uma variedade de cevada. Se ela germinasse, a gravidez estava confirmada", diz Antonio Brancaglion. Para o especialista, independentemente do percentual de acertos, o mais notável é o conhecimento da relação entre a composição da urina e a gravidez.

Circunavegação da África e controle de cheias
A medicina não foi a única ciência em que os egípcios se desenvolveram. Eles foram engenheiros notáveis em química, construção civil, naval e hidráulica. "Nem sempre é possível afirmar que tenham sido precursores nesta ou naquela descoberta", afirma Antonio, "pois a pesquisa nunca termina. Baseando-se no que se encontrou até hoje, dá para concluir que eles foram os primeiros em diversas tecnologias."
Na navegação, há fortes indícios de que alguns dos louros atribuídos aos fenícios precisam ser divididos com os egípcios. A vela mais antiga de que se tem notícia, por exemplo, é egípcia e foi encontrada dobrada dentro de uma múmia em Tebas, de cerca de 1000 a.C. Os mais antigos modelos de barcos a vela dos fenícios de Tiro e Cartago datam do século 8 a.C. Os egípcios foram os primeiros a projetar barcos pensando previamente no destino que eles teriam. Modelos militares eram diferentes dos cargueiros, que por sua vez não se pareciam com os utilizados para lazer ou cerimônias religiosas. Eles criaram os melhores barcos militares e a frota mais veloz. A chamada nau de Quéops, com 47 metros de comprimento e datada da Quarta Dinastia (2589 a 2566 a.C.), é a mais antiga embarcação desse porte encontrada até hoje. Num barco ainda maior, durante o governo do Necho II (610 a 595 a.C.), eles já haviam realizado a circunavegação da África.
Quem acredita que o primeiro navegador a dobrar o cabo das Tormentas, no sul da África, foi o português Bartolomeu Dias, em 1488, precisa rever seus conceitos.
Os armadores egípcios conheciam as propriedades de expansão da madeira, rigidez e durabilidade. Tais conhecimentos eram vitais na construção de embarcações capazes de sustentar blocos de pedras com mais de 80 toneladas. "O grande mistério da engenharia naval do Antigo Egito não é como os barcos agüentavam tanto peso, mas de que forma as pedras eram colocadas neles. Há diversas suposições, que vão da construção de diques secos até afundamento dos barcos para posterior emersão, no caso de cargas menores", diz Antonio Brancaglion. Até agora não foram encontrados registros sobre como eles colocavam uma rocha de 80 toneladas numa balsa sem que ela adernasse durante a operação. Mas que eles conseguiam, conseguiam.
Um dos feitos mais impressionantes dos engenheiros do Antigo Egito foi a construção de um antecessor do atual Canal de Suez. "Em aproximadamente 2500 a.C. os egípcios construíram uma eficiente passagem ligando o mar Vermelho ao Mediterrâneo, como os europeus vieram a fazer em 1869."
O Nilo, artéria que era a própria vida do Antigo Egito, desde os primeiros povos que se instalaram na região, cerca de 5500 a.C, foi também uma importante fonte de pesquisa e avanços científicos. Os egípcios sabiam da importância do rio como via de transporte e de sua relação com a preservação e manutenção das terras férteis ao longo do vale. As cheias eram vistas como benéficas pelos egípcios e não como uma vingança dos deuses, como na Mesopotâmia. O livro do professor Mário Giordani mostra o uso de instrumentos para medir a variação das cheias (nilômetros), relata os conhecimentos sobre fertilizantes naturais, como esterco, o trabalho das minhocas e a própria lama do Nilo, que era transportada para áreas a princípio estéreis. Foram os primeiros também a utilizar o arado manual.
Por volta de 2300 a.C. eles já aplicavam técnicas de irrigação artificial, por meio de canais com vazão controlada. Criaram um sistema de bombeamento de água chamado shaduf. Consistia em um processo elevatório que levava a água até locais naturalmente não inundados, para aumentar a área produtiva. O shaduf é usado até hoje, principalmente no bombeamento de pequenas quantidades de água ou situações em que o custo da implantação de sistema automático não é compensador. A roda para bombear água movida a tração animal também vem do Egito, no tempo dos romanos, entre 30 a.C. e 395 d.C.

Greves e telhado de vidro
Na construção civil, os egípcios foram grandes mestres. Construções como as grandes pirâmides, a esfinge e as estátuas no Vale dos Reis estão entre as estruturas mais belas e requintadas da Antiguidade, mas os exemplos do impressionante uso da pedra, da marcenaria e da fabricação do vidro estão por todo o Egito. E, mais uma vez, o modo de vida e a religião estão diretamente ligados ao desenvolvimento de técnicas de construção. "Os egípcios queriam durar para sempre e isso fazia parte de vários aspectos de sua cultura. Seus templos eram construídos com a expectativa de serem eternos. As paredes de pedra serviam, ainda, como suporte para sua história, seu contato com o passado", diz Antonio Brancaglion.
Os egípcios são considerados precursores do uso de pedras para obras em larga escala. Os primeiros registros datam de quase 5 mil anos atrás. Na Terceira Dinastia, por volta de 2700 a.C., já se cortavam pedras no tamanho e no formato dos tijolos atuais. As construções em rocha e a precisão nos cortes mostram os conhecimentos geológicos avançados dessa civilização. Eles já sabiam que a dureza das rochas variava conforme sua composição mineralógica e que elas tinham pontos frágeis em sua estrutura, por meio dos quais se aplicavam as técnicas de corte. Nas fissuras eram introduzidos instrumentos de madeira, posteriormente molhados. Expandidos, eles forçavam a quebra da rocha no ponto desejado. Os egípcios criaram também os primeiros serrotes de metal. Eram utilizados em rochas menos duras, como o calcário.
Desenvolveram técnicas de polimento com areia e modernas formas de encaixe, tanto da madeira quanto da pedra. "Recortes tipo macho e fêmea vieram daí", afirma Antonio. "O pó que sobrava do corte e polimento das rochas era misturado a cal, gesso e água, formando uma massa usada para tapar buracos ou corrigir irregularidades nas paredes: um antepassado do cimento." Ainda na construção civil, os discípulos dos faraós foram os primeiros a estudar profundamente o solo para a colocação de fundações e a construir sistemas de calhas para escoamento da água da chuva.
A estrutura de dutos e calhas também era montada no campo, para evitar deslizamentos de terra e inundação de áreas férteis pela chuva que escorria das encostas. A primeira barragem pluvial de que se tem notícia data do final da Segunda Dinastia (2750 a.C.). Tinha 10 metros de altura e 1,5 quilômetro de extensão. Cedeu numa tempestade quando estava em fase final de construção. A engenharia egípcia também foi a primeira a utilizar réguas, esquadros e prumos. Eles foram os inventores do vidro moldado, processo ainda presente em alguns setores da fabricação de vidro opaco. A técnica do sopro foi desenvolvida posteriormente na Mesopotâmia. A base da tecnologia da fundição do bronze e de outros metais no mundo todo também veio do Antigo Egito.
Os egípcios eram caprichosos joalheiros e marceneiros. A técnica de solda e montagem de jóias é a mesma dos tempos atuais e, na marcenaria, se destacaram pelos detalhes no entalhamento dos móveis e modernidade dos projetos. Já produziam móveis dobráveis e foram os precursores das camas com estrado. "Os egípcios de classes mais altas foram os primeiros a dormir em camas de madeira com estrado", conta o especialista do Museu Nacional.
Com tanto trabalho por fazer, era natural que as primeiras organizações entre os operadores dessa incrível máquina de construir se formassem por ali. O Antigo Egito foi palco das mais antigas greves de que se tem notícia. O registro mais remoto de uma paralisação desse tipo aconteceu no Novo Império (entre 1570 e 1070 a.C.), durante o reinado de Ramsés III. Os operários da construção de um templo decidiram cruzar os braços por não receber no prazo combinado comida, roupas e maquiagem que usavam para trabalhar. O sacerdote tentou negociar com os grevistas, mas o patrão, ou melhor, o faraó não cumpriu a promessa. Só o fez dois meses depois, quando os operários não apenas cruzaram os braços novamente, mas também ocuparam o templo que estavam construindo.
Se por um lado fizeram greves, por outro criaram técnicas de policiamento utilizadas até hoje, como o uso dos animais na captura de malfeitores. Há registros de policiais fazendo patrulhamento acompanhados por macacos e cenas de babuínos pegando ladrões em mercados.

Azul do céu e das tintas sintéticas
"Nem sempre os egípcios foram inventores desta ou daquela tecnologia. Muita coisa feita por outros povos eles aperfeiçoaram", diz Antonio Brancaglion. Seu papel no mundo antigo não era o de produtor de matéria-prima, mas o de transformador de tecnologia e exportador. "Poderia ser comparado aos Estados Unidos de hoje, um grande centro de pesquisa e comércio internacional."
A criação da cerveja, por exemplo, costuma ser atribuída a eles, mas os mesopotâmicos também conheciam o método de fermentação e fabricavam bebida semelhante. "Só que ninguém se aperfeiçoou tanto nos aromas e na variedade de sabores como os egípcios. O que possivelmente tenha sido idéia deles foram as grandes cervejarias, aonde as pessoas iam para beber e conversar já em 1500 a.C. A indústria da panificação também vem dos egípcios, bem como a adição de frutas e temperos aos pães", afirma o professor.
Além de estudiosos da Terra, os egípcios gostavam de desvendar os mistérios do céu. O mapeamento celeste foi feito por egípcios e mesopotâmicos. Aos egípcios coube o reconhecimento das estrelas para contar as horas de noite e a montagem do primeiro calendário solar, com 365 dias em 12 meses. Foram eles também que dividiram o dia em 24 horas, 12 para a noite e 12 para o dia. Identificaram planetas como Vênus e Marte e estrelas como Sirius e Órion e localizaram o norte pelo posicionamento das estrelas.
Os egípcios foram químicos valiosos. Pioneiros na indústria de perfumes e excelentes técnicos na área de cosméticos – a maquiagem tinha uma grande importância para a saúde, pois sua composição protegia a pele dos efeitos do sol –, eles foram os primeiros a fabricar uma tinta sintética. "Os artistas usavam tintas com base mineral em vez de vegetal, como faziam outros povos. O branco vinha do cal, o amarelo do ferro, o preto do carvão e assim por diante. Muita gente pensa que o azul vinha do lápis-lazúli moído, o que não é verdade. Essa rocha gera pó branco e não azul. Para chegar ao azul eles misturavam óxidos de cobre e cobalto com bicarbonatos de sódio e cálcio e fundiam a mais de 700 graus Celsius.
Essa fusão resultava em uma pedra azul que era moída e misturada com um aglutinante natural, como clara de ovo ou goma arábica, e virava uma espécie de guache", diz o estudioso. Os vernizes criados naquela época à base de damar, uma resina vegetal, são utilizados até hoje. Eles conheciam o betume e usavam uma espécie de piche como selante.
Instrumentos como harpa, flauta, trombeta de metal, oboé e dois tipos de alaúdes, o menor com um som parecido ao do violino, também são originários da terra dos faraós, bem como jogos de tabuleiro e brincadeiras infantis como cabra-cega e amarelinha. Com toda essa herança, por mais que as origens de cada um de nós não passe nem perto das etnias do Antigo Egito, essa civilização faz parte dos nossos hábitos e costumes.
Eles queriam ser eternos. Ordenaram todas as suas energias, corações e mentes para isso. Construíram seus templos de pedra, onde gravavam suas memórias nas paredes, mumificavam os mortos para que seus corpos vivessem até a eternidade e, assim, desenvolveram a ciência, a arte e os costumes. Não resta dúvida: eles conseguiram.

Afirmar que as egípcias foram as primeiras feministas da história pode parecer precipitado, já que o assunto dificilmente estaria em pauta naquela época. Mas, queimas de sutiãs à parte, no mundo dos faraós elas tinham poder e direitos de dar inveja a diversas sociedades contemporâneas. Dependendo da classe social, pode-se até concluir que tinham mais direitos e papel bem mais expressivo que muitas mulheres do século 21.
Conquista como o divórcio, que, no Brasil, só aconteceu na década de 1970, era uma prática aceita naquela sociedade, inclusive quando solicitado pela própria mulher, afirma a professora Margaret Bakos. Foram encontrados registros de pedido de divórcio por parte do homem e da mulher no Novo Império (1555 a 1090 a.C.).
Há documentos que mostram as preocupações com a situação dos bens do casal em caso de separação, quando a mulher costumava ficar com a casa e com os filhos. A poligamia não era proibida, mas a responsabilidade financeira que um egípcio tinha com suas mulheres o fazia pensar muito antes de ter mais de uma esposa.
A egiptóloga diz que não havia qualquer referência nos papiros em relação à virgindade ou à restrição do sexo apenas com finalidade de procriação. "Os egípcios não eram tímidos em relação ao sexo, tinham consciência de seus prazeres, mas não costumavam tornar o assunto público. Quanto ao aborto, sabe-se que existia, mas não era prática comum", afirma Margaret. "Há registros de pessoas que foram incriminadas por terem conduzido um aborto que resultou na morte da mulher."
A maioria de suas tarefas era voltada para o lar, mas havia sacerdotisas, agricultoras, escribas e donas de seus próprios negócios (padarias, peixarias) e galgavam com méritos próprios posições hierárquicas. Elas casavam cedo, normalmente próximo da primeira menstruação, mas isso não significa que não fossem sexualmente ativas antes da coabitação, lembra a historiadora. Pelos registros encontrados, o valor do pagamento por seus trabalhos era igual ao dos homens. O homem e a mulher tinham posição de igualdade perante a lei. A mulher podia herdar, deixar heranças, trocar e vender propriedades e escravos.
Conscientes ou não do conceito de feminismo, as devotas da deusa Ísis têm muito a ensinar àqueles que hoje ainda fazem distinção entre os direitos dos seres humanos, qualquer que seja a desculpa adotada.

Os grandes avanços da medicina praticada pelos povos do Antigo Egito devem-se, principalmente, aos sofisticados processos de mumificação. Por meio deles, conheceu-se detalhadamente todo o sistema circulatório, as vísceras, bem como o funcionamento do coração, que os egípcios acreditavam ser o gerenciador do corpo e das emoções. Com o objetivo de preservar os cadáveres, eles desenvolveram técnicas de embalsamamento e estudaram profundamente métodos de retirada de órgãos. Para tanto, eles estudaram a fundo a anatomia e criaram instrumentos específicos para cada função, tataravôs dos bisturis, agulhas e pinças encontrados nas mãos dos cirurgiões modernos. Os médicos registravam cada avanço em papiros estudados até os dias de hoje.

SALGADOS
Os corpos e órgãos eram tratados com nitrão, um sal mineral comum na região, para evitar a decomposição

ATADURA
As faixas de linho que envolviam os mortos eram banhadas em resina e goma

LAVAGEM
Fígado, estômago e intestinos eram lavados diversas vezes antes de serem envasados

SOBRAS
Resíduos resultantes das incisões para retirada de órgãos durante a mumificação eram jogados no rio

COM AS TRIPAS DE FORA
As vísceras eram cuidadosamente retiradas e colocadas em jarros de barro, chamados canopos. Eles eram guardados nas tumbas próximo aos sarcófagos. As tampas reproduziam imagens sagradas

BOLETIM MÉDICO
Os conhecimentos científicos eram registrados por meio de relatos e desenhos em documentos chamados papiros médicos. Tais registros indicavam que os médicos egípcios se dividiam em especialidades. Durante a mumificação os papiros usados não eram os científicos, mas aqueles que continham trechos das orações encontradas no Livro dos Mortos

FACA AFIADA
Os métodos mais sofisticados de mumificação previam a retirada das vísceras antes do início do enfaixamento do corpo. A extração acontecia por meio de cortes precisos, feitos por lâminas afiadas que deram origem a alguns instrumentos cirúrgicos contemporâneos, como o bisturi. O cérebro costumava ser extraído pelas narinas. Graças a essas incisões é que os egípcios conheceram o interior do corpo humano

BANHO DE CHEIRO
Antes de enfaixar os mortos, os egípcios costumavam besuntar o cadáver com óleo perfumado. As faixas de linho engomadas eram colocadas primeiro na cabeça, depois nas mãos – respectivamente na direita e na esquerda – nos pés, primeiro no direito e posteriormente no esquerdo, e só depois na outras partes do corpo. Uma múmia podia ter até 20 camadas de tiras de pano sobrepostas

CACHORRÃO
A espiritualidade do ritual era garantida por um sacerdote usando uma máscara do deus Anúbis

Períodos Pré-Dinástico e Arcaico – 5500 a 3000 a.C.
Unificação do Egito (aprox. 3100 a.C.)
Dinastias 1 e 2

Antigo Império e 1º período intermediário – 3000 a 2061 a.C.
Construção das Grandes Pirâmides – Quéfren, Quéops e Miquerinos
Dinastias 3 a 11

Médio Império e 2º período intermediário – 2061 a 1570 a.C.
Grande desenvolvimento literário Invasão dos Hicsos
Dinastias 11 a 17

Novo Império e 3º período intermediário – 1570 a 656 a.C.
Construção do Vale dos Reis
Reinados de Tutancâmon e Ramsés III
Batalha Naval contra os Povos do Mar (aproximadamente 1100 a.C.)
Dinastias 18 a 25

Períodos Saíta e Baixa Época – 656 a 343 a.C.
Dinastias 26 a 30
Fim da era dinástica

Períodos Persa e Greco-Romano 343 a.C. a 395 d.C.
Conquista de Alexandre
Reinado de Cleópatra

Os hieroglifos chamam atenção pela beleza de seus traços e pela riqueza de detalhes. Juntamente com os ideogramas chineses, eles atraem o olhar de muita gente que não faz a menor idéia de seu significado, mas que propaga seu uso em objetos de decoração e adornos. Com sintaxe complexa, os hieroglifos surgiram entre 3500 e 3000 a.C. e eram usados em escrituras oficiais e religiosas.
Ciro Flamarion Cardoso, professor de História Antiga e Medieval da Universidade Federal Fluminense, afirma que os hieroglifos têm três tipos de representação. "Eles podiam aparecer como signos fonéticos indicando um, dois ou três sons equivalentes a consoantes ou semiconsoantes, já que as vogais não eram representadas; como complementos fonéticos da leitura ou ainda como signos puramente ideográficos", afirma Ciro. Por exemplo: um homem sentado podia indicar que a palavra anterior se referia a alguém do sexo masculino, sem que essa representação tivesse algum valor fonético. "Cada palavra egípcia tem uma raiz invariável, à qual se agregam desinências indicativas de gênero, número, flexões verbais. Essas indicações vêm sempre no fim da palavra", diz o especialista
Segundo ele, a elipse alongada (cartouche) em torno dos nomes ou referências dos reis indica proteção divina. Na inscrição relativa a Tutancâmon (ao lado), o primeiro cartouche contém o nome de trono do monarca. O segundo, seu nome pessoal e o terceiro, sua função. As frases podiam ser escritas em colunas ou linhas e a direção da leitura era indicada pelos signos que representam os seres animados (insetos e aves, por exemplo), que sempre olham para o início da frase. Em geral, o egiptólogo tem de separar as palavras e frases entre si pela lógica ortográfica e gramatical do período em que o texto se gerou. "Os egípcios procuravam mostrar os signos de maneira estética, em função disso dispunham-nos às vezes em cima um do outro ou até mesmo superpondo-os", afirma o especialista.

24 de mar. de 2010

O endereço do Mestre


Para muitas pessoas, a narrativa evangélica da vida de Jesus não passa de ficção. Contudo, uma rápida pesquisa sobre os achados arqueológicos relacionados com o Novo Testamento revelará o contrário: cremos em uma história real! A partir de agora, vamos examinar algumas informações bíblicas à luz das descobertas em Cafarnaum, o “endereço” do Mestre.

O nome Cafarnaum pode significar tanto “vila da consolação” como “vila de Naum”, um antigo profeta hebreu cujo livro faz parte do Antigo Testamento. Essa última opção é apoiada por uma tradição judaica que afirma que o túmulo do profeta está enterrado ali. A cidade foi descoberta por um arqueólogo norte-americano chamado Edward Robinson, em 1852, mas somente foi escavada por uma equipe liderada por Charles Wilson em 1865 e 1866. Foi ali que Jesus dedicou a maior parte do Seu ministério, realizando milagres (Mt 9:18-26; Mc 5:21-43; Lc 8:40-56), bem como ensinando na sinagoga local (Mc 1:21; 3:1-5; Lc 4:31; Jo 6:59).

Um dos achados mais fascinantes de Cafarnaum é a da possível casa de Pedro. Foi por volta de 1968 que dois outros arqueólogos, G. Orfali e A. Gassi, encontraram a estrutura de uma igreja que datava do 5º século. O surpreendente foi que logo abaixo dessa construção eles também encontraram os alicerces de uma casa repleta de objetos de pesca que datava da época de Jesus e Seus discípulos. Para completar a informação, um documento chamado Itinerarium, escrito por Egéria, no 4º século, afirma que a “casa do príncipe dos apóstolos foi transformada em igreja; contudo, as paredes da casa ainda estão de pé como eram originalmente”.

Outra descoberta marcante em Cafanaum foram os restos da sinagoga, local de reuniões religiosas dos judeus, do 1º século. Durante os anos de 1905 até 1926, seus restos foram preservados e restaurados por especialistas alemães e franciscanos. Até então, todas as construções apontavam para uma construção do 3º ou 4º século. No entanto, em 1968, as pesquisas posteriores revelaram os restos de uma estrutura. E em 1981, um largo piso de basalto foi encontrado repleto de cerâmicas (potes, vasos, copos, etc.) do 1º século, a época de Cristo. Sem dúvida, esses eram os escombros daquela sinagoga frequentada por Jesus, como mencionado nas Escrituras Sagradas!

Mais importante do que as informações arqueológicas é o que tudo isso representa. Foi nessa mesma sinagoga que Jesus declarou: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente” (João 6:51). Mesmo com a poeira acumulada ao longo dos séculos em Cafarnaum, ainda somos capazes de ouvir o convite do Mestre querendo saciar nossa fome.

(Luiz Gustavo Assis é formado em Teologia e atua como Capelão no Colégio Adventista de Esteio, RS)

23 de mar. de 2010

Escavações podem confirmar Minas do Rei Salomão


A velha briga para determinar o que é fato e o que é lenda nos textos bíblicos acaba de passar por mais uma reviravolta - e quem saiu ganhando foi o glorioso reino de Salomão, filho de Davi, que teria governado os israelitas há 3.000 anos. Escavações na Jordânia sugerem que a extração de cobre em escala industrial no antigo reino de Edom - região que, segundo a Bíblia, teria sido vassala dos reis de Israel - coincide, em seu auge, com a época do filho de Davi. Em outras palavras: as célebres "minas do rei Salomão" podem ter existido do outro lado do rio Jordão.

A pesquisa, coordenada pelo arqueólogo Thomas E. Levy, da Universidade da Califórnia em San Diego, está na edição desta semana da prestigiosa revista científica americana PNAS, e bate de frente com os que duvidam da existência de uma monarquia poderosa em Jerusalém durante o século 10 a.C. Segundo esses pesquisadores, como Israel Finkelstein [ele é um arqueólogo ateu, figura sempre presente nas páginas da Superinteressante e da Galileu], da Universidade de Tel Aviv, tanto a região de Jerusalém quanto a área de Edom, onde as minas foram encontradas, eram habitadas por uns poucos aldeões e pastores nômades nessa época. O surgimento de reinos politicamente bem organizados e capazes de empreendimentos de larga escala só teria sido possível por ali cerca de 200 anos depois.

Levy discorda. "O que nós mostramos de forma definitiva é a produção de metal em larga escala e a presença de sociedades complexas, que podemos chamar de reino ou Estado arcaico, nos séculos 10 a.C. e 9 a.C. em Edom. Trabalhos anteriores afirmavam que o que a Bíblia dizia a respeito disso era um mito. Nossos dados simplesmente mostram que a história de Edom no começo da Idade do Ferro precisa ser reinvestigada usando ferramentas científicas", declarou o arqueólogo ao G1.

A região escavada por Levy e seus colegas na Jordânia é uma velha suspeita de ter abrigado as famosas minas salomônicas. Nos anos 1940, o arqueólogo americano Nelson Glueck já tinha defendido a idéia. No entanto, foi só com as escavações em larga escala no sítio de Khirbat en-Nahas (em árabe, "as ruínas de cobre"), ao sul do Mar Morto, que o tamanho da atividade mineradora ali ficou claro. Estima-se que, só em sobras da extração do minério, existam no local entre 50 mil e 60 mil toneladas de detritos.

Numa escavação iniciada em 2006, Levy e seus colegas desceram pouco mais de 6 m e montaram um quadro em alta resolução da história de Khirbat en-Nahas. A ocupação começa com uma estrutura retangular de pedra, com protuberâncias ou "chifres". "Pode ter sido um altar", conta o arqueólogo - esses "chifres" eram usados como plataforma para besuntar o sangue dos animais sacrificados na antiga Palestina. Acima dessa estrutura, ao menos duas grandes fases de extração de cobre estão documentadas, com paredes de pedra que serviam como instalação industrial.

Uma das formas de datar a atividade mineradora é a presença de artefatos egípcios - um escaravelho e um colar - que aparentemente datam da época dos faraós Siamun e Shesonq (chamado de Sisac na Bíblia) - o século 10 a.C. Mas os pesquisadores também usaram o método do carbono 14 para estimar diretamente a idade de restos de madeira usados para derreter o minério e extrair o cobre. O veredicto? O mais provável é que a atividade industrial na área tenha começado em 950 a.C., data equivalente ao auge do reinado de Salomão, e terminado em torno de 840 a.C.

E não é só isso: escavações numa fortaleza próxima também sugerem uma construção na era salomônica, durante o século 10 a.C. Segundo o relato bíblico, Salomão usou vastas quantidades de bronze (cuja matéria-prima, ao lado do estanho, era o cobre) na construção do templo de Jerusalém. Também teria continuado o domínio estabelecido por seu pai Davi sobre Edom e financiado uma frota de navios mercantes que saíam do litoral edomita em busca de produtos de luxo.

Levy diz que os dados obtidos em Khirbat en-Nahas são compatíveis com o quadro do Antigo Testamento, mas mostra cautela. "Se as atividades lá podem ser atribuídas ao controle da produção de metal pela Monarquia Unida israelita, pelos edomitas ou por uma combinação de ambos, ou até por um outro grupo, é algo que nossa equipe na Jordânia ainda está investigando", ressalta ele.

A pedido do G1, o arqueólogo Israel Finkelstein comentou o estudo na PNAS e fez pesadas críticas [o que se podia esperar dele?]. Para começar, Finkelstein não reconhece a região de Khirbat en-Nahas como parte do antigo reino de Edom, porque o sítio fica nas terras baixas jordanianas, e não no planalto do além-Jordão.

"Na época em que Nahas está ativa, não há um único sítio arqueológico no platô de Edom, que só passa a ser ocupado nos séculos 8 a.C. e 7 a.C.", diz o pesquisador israelense. "A mineração em Nahas não tem a ver com o povoamento de Edom, mas com o do vale de Bersabéia [parte do reino israelita de Judá], que fica a oeste, ao longo das estradas pelas quais o cobre era transportado até o Mediterrâneo", afirma.

Finkelstein também critica o fato de Levy e seus colegas teram usado os rejeitos de mineração como base para sua estratigrafia, ou seja, as camadas que ajudam a datar o sítio arqueológico, porque eles formariam estratos naturalmente "bagunçados" de terra. E afirma que a fortaleza estudada pelos pesquisadores também é posterior ao século 10 a.C.

"Aceitar literalmente a descrição bíblica do rei Salomão equivale a ignorar dois séculos de pesquisa bíblica. Embora possa existir algum fundo histórico nesse material, grande parte dele reflete a ideologia e a teologia da época em que saiu da tradição oral e foi escrito, por volta dos séculos 8 a.C. e 7 a.C. Os dados de Nahas são importantes, mas não vejo ligação entre eles e o material bíblico sobre Salomão", arremata Finkelstein. [Não vê ou não quer ver?]

Levy preferiu não responder diretamente as críticas do israelense, embora um artigo anterior de sua lavra aponte que, ao contrário do que diz Finkelstein, há ligação cultural entre os habitantes das terras baixas e os edomitas do planalto. "Suponho que, toda vez que há uma interface entre textos sagrados e dados arqueológicos, é natural que o debate se torne emocional", diz ele. [Bingo!]

22 de mar. de 2010

Judeus "babilonizados"


Em janeiro de 2008, a arqueóloga Eilat Mazar, da Hebrew University, em Jerusalém, anunciou a descoberta de mais um objeto envolvendo personagens bíblicos. Trata-se de um anel ou sinete utilizado pela família Temech ou Tama. Se você conhece um pouco da história bíblica deve se lembrar de alguns personagens que receberam um sinete em momentos importantes, como José, no Egito, e o filho pródigo, quando encontrou o pai. Diversos sinetes de personagens bíblicos foram encontrados nas últimas três décadas. A família Tama é mencionada no livro de Neemias, capítulo 7, verso 55. Mas quem eram eles? Qual a importância deles para a história bíblica? O texto abaixo procura responder essas perguntas.

De acordo com o mesmo livro de Neemias, no capítulo 7, verso 6, eles faziam parte do grupo de judeus que estava voltando da cidade de Babilônia, onde eles haviam ficado por 70 anos. Lá, o antigo povo de Deus teve contato com uma cultura totalmente diferente daquela que lemos nas Escrituras. Ao invés de adorarem ao Criador, Babel estava impregnada de adoração a criaturas.

No sinete dessa família, que estava deixando Babilônia e retornando para Jerusalém, duas pessoas estão diante de um altar com as mãos erguidas, um costume comum para expressar reverência, no Antigo Oriente Médio. Acima deles pode se ver o que está sendo adorado: o deus babilônico Sin, o deus lua, filho dos deuses Enlil e Ninlil, de acordo com a mitologia mesopotâmica. Há algumas evidências que sugerem um reavivamento do culto ao deus Sin, em Babilônia, no período em que os judeus estiveram lá.

Há uma poderosa lição para cada um de nós nesse achado arqueológico. Este mundo, que se parece muito com uma Babilônia moderna, oferece constantemente uma vida de pecado e desobediência a Deus e à Sua Palavra. Somos “judeus” saindo deste antro de perdição e indo para a Nova Jerusalém, o local que Deus preparou para Seus filhos. E, assim como os membros da família Tama, queremos ir para Jerusalém com hábitos contrários ao caráter de Deus! Soa irônico.

Creio que o conselho do autor de Hebreus seja válido nesta hora: “Desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta” (Hebreus 12:1). Que você e eu não sejamos membros da família Tama, no dia do encontro com Cristo.

21 de mar. de 2010

Moisés escreveu mesmo o Pentateuco ?


Até pouco tempo atrás, afirmava-se que a invenção do alfabeto teria ocorrido pelos séculos 12 ou 11 a.C., sendo esse argumento apresentado para “provar” que Moisés não podia ter escrito o Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia), visto que em seu tempo não haviam ainda inventado a arte de escrever. No entanto, escavações arqueológicas nas ruínas da cidade de Ur, na antiga Caldeia, têm comprovado que ela era uma metrópole altamente civilizada. Nas escolas de Ur, os meninos aprendiam leitura, escrita, Aritmética e Geografia. Três alfabetos foram descobertos: junto do Sinai, em Biblos e em Ras Shamra, que são bem anteriores ao tempo de Moisés (1500 a.C.).

Estudiosos sustentam que Moisés escolheu a escrita fonética para escrever o Pentateuco. O grande arqueólogo William F. Albright datou essa escrita de início do século 15 a.C. (tempo de Moisés). Interessante é notar que essa escrita foi encontrada no lugar onde Moisés recebeu a incumbência de escrever seus livros (Êx 17:14). Veja o que disse Merryl Unger sobre a escrita do Antigo Testamento: “A coisa importante é que Deus tinha uma língua alfabética simples, pronta para registrar a divina revelação, em vez do difícil e incômodo cuneiforme de Babilônia e Assíria, ou o complexo hieróglifo do Egito.”

Deus sempre sabe mesmo o que faz! Pense bem: se o alfabeto tivesse sido realmente inventado pelos fenícios, cuja existência foi bem posterior à de Moisés, e se as escritas anteriores – hieroglífica e cuneiforme – foram decifradas apenas no século 19, como poderia Moisés ter escrito aqueles livros? Se o tivesse feito, só poderia usar os hieróglifos, escrita na qual a Bíblia diz que Moisés era perito (At 7:22). Nesse caso, o Antigo Testamento teria ficado desconhecido até o século 19, quando o francês Champollion decifrou a antiga escrita egípcia. Acontece que, no princípio do século 20, nos anos 1904 e 1905, escavações na península do Sinai levaram à descoberta de uma escrita muito mais simples que a hieroglífica – e era alfabética! Com essa descoberta, a origem do alfabeto se transportava da época dos fenícios para a dos seus antecessores, séculos antes, os cananitas, que viveram no tempo de Moisés e antes dele.

Portanto, foram esses antepassados dos fenícios que simplificaram a escrita. E passaram a usar o alfabeto em lugar dos hieróglifos, isto é, sinais que representam sons ao invés de sinais que representam ideias. Moisés, vivendo 40 anos na região de Mídia, onde essa escrita era conhecida, viu nela a escrita do futuro, e passou a usá-la por duas grandes razões: (1) a impressão grandiosa que teve de usar uma língua alfabética para seus escritos e que se compunha de apenas 22 sinais bastante simples comparados com os ideográficos que aprendera nas escolas do Egito; e (2) a compreensão de que estava escrevendo para seu próprio povo, cuja origem era semita como a dos habitantes da terra em que estava vivendo, e que não eram versados em hieróglifos por causa de sua condição de escravos.*

(Michelson Borges, jornalista e mestrando em teologia pelo Unasp)

(*) De acordo com Siegfried Schwantes, Ph.D em línguas semíticas pela Johns Hopkins University, o vocabulário da última parte do livro de Gênesis e do livro de Êxodo evidencia a influência da língua egípcia sobre o hebraico. A palavra para “linho fino”, por exemplo (Gn 41:42), é shesh, e curiosamente em egípcio é shash. Outro exemplo é a palavra “selo” (Gn 38:18, 25). Na forma hebraica é hotam, enquanto seu equivalente egípcio é htm. Um último exemplo (para ficar apenas com três) é o vocábulo hebraico taba’at, cujo significado é “anel” ou “sinete”, e parece ser derivado do termo egípcio db’t. “É uma palavra rara e denota familiaridade do autor com o meio egípcio”, escreveu Schwantes em seu livro Arqueologia (São Paulo: IAE, 1988), p. 28. Estudos mais amplos nessa área têm sido produzidos por James Hoffmeier, do Trinity Evangelical Divinity School, nos Estados Unidos.

20 de mar. de 2010

Atlantis existiu ?


Atlântida ou Atlantis (em grego, Ἀτλαντίς - "filha de Atlas") é uma lendária ilha cuja primeira menção conhecida remonta a Platão em suas obras "Timeu ou a Natureza" e "Crítias ou a Atlântida".
Nos contos de Platão, Atlântida era uma potência naval localizada "na frente das Colunas de Hércules", que conquistou muitas partes da Europa Ocidental e África 9.000 anos antes da era de Solon, ou seja, aproximadamente 9600 a.C.. Após uma tentativa fracassada de invadir Atenas, Atlântida afundou no oceano "em um único dia e noite de infortúnio".
Estudiosos disputam se e como a história ou conto de Platão foi inspirada por antigas tradições. Alguns pesquisadores argumentam que Platão criou a história mediante memórias de eventos antigos como a erupção de Thera ou a guerra de Tróia, enquanto outros insistem que ele teve inspiração em acontecimentos contemporâneos, como a destruição de Helique em 373 a.C.[1] ou a fracassada invasão ateniense da Sicília em 415–413 a.C..
A possível existência de Atlântida foi discutida ativamente por toda a antiguidade clássica, mas é normalmente rejeitada e ocasionalmente parodiada por autores atuais. Como Alan Cameron afirma: "é só nos tempos modernos que as pessoas começaram a levar a sério a história de Atlântida, ninguém o fez na Antiguidade".[2] Embora pouco conhecida durante a Idade Média, a história da Atlântida foi redescoberto pelo Humanistas no período da Idade Moderna. A descrição de Platão inspirou trabalhos utópicos de vários escritores da Renascença, como Francis Bacon em "Nova Atlântida". Atlântida ainda inspira a literatura, da ficção científica a gibis, até filmes, seu nome tornou-se uma referência para toda e qualquer suposição sobre avançadas civilizações pré-históricas perdidas.
A menção conhecida mais antiga é a feita pelo filósofo grego Platão (428-347 a.C.) em dois dos seus diálogos (Timeu e Crítias).[3] Platão conta-nos que Sólon, no curso das suas viagens pelo Egito, questiona um sacerdote que vivia em Sais, no delta do Nilo e que este lhe fala de umas tradições ancestrais relacionadas com uma guerra perdida nos anais dos tempos entre os atenienses e o povo atlante. Segundo o sacerdote, o povo de Atlantis viveria numa ilha localizada para além dos pilares de Heracles, onde o Mediterrâneo terminava e o Oceano começava.
Quando os deuses helênicos partilhavam a terra, conta o sacerdote, a cidade de Atenas pertencia à deusa Atena e Hefesto, mas Atlântida tornou-se parte do reino de Poseidon, deus dos mares.
Em Atlântida, nas montanhas ao centro da ilha, vivia uma jovem órfã de nome Clito. Conta a lenda que Poseidon ter-se-ia apaixonado por ela e, de maneira a poder coabitar com o objeto da sua paixão, teria erguido uma barreira constituída por uma série de muralhas de água e fossos aquíferos em volta da morada da sua amada. Desta maneira viveram por muitos anos e desta relação nasceram cinco pares de gêmeos. Ao mais velho o deus dos mares batizou de Atlas. Após dividir a ilha em dez áreas circulares, o deus dos mares concedeu supremacia a Atlas, dedicando-lhe a montanha de onde Atlas espalhava o seu poder sobre o resto da ilha.


Atlântida submersa, em ilustração da obra Vinte Mil Léguas Submarinas
Em cada um dos distritos (anéis terrestres ou cinturões), reinavam as monarquias de cada um dos descendentes dos filhos de Clito e Poseidon. Reuniam-se uma vez por ano no centro da ilha, onde o palácio central e o templo a Poseidon, com os seus muros cobertos de ouro, brilhavam ao sol. A reunião marcava o início de um festival cerimonioso em que cada um dos monarcas dispunha-se à caça de um touro. Uma vez o touro caçado, beberiam do seu sangue e comeriam da sua carne, enquanto sinceras críticas e cumprimentos eram trocados à luz do luar.
Atlântida seria uma ilha de extrema riqueza vegetal e mineral. Não só era a ilha magnificamente prolífica em depósitos de ouro, prata, cobre, ferro, etc., como ainda de oricalco, um metal que brilhava como fogo.
Os reis de Atlântida construíram inúmeras pontes, canais e passagens fortificadas entre os seus cinturões de terra, cada um protegido com muros revestidos de bronze no exterior e estanho pelo interior. Entre estes brilhavam edifícios construídos de pedras brancas, pretas e vermelhas.
Tanto a riqueza e a prosperidade do comércio, como a inexpugnável defesa das suas muralhas, se tornariam imagens de marca da ilha.
Pouco mais se sabe de Atlântida. Segundo Platão, esta foi destruída por um desastre natural (possivelmente um terremoto ou maremoto) cerca de 9000 anos antes da sua era. Crê-se ainda que os atlantes teriam sido vítimas das suas ambições de conquistar o mundo, acabando por ser dizimados pelos atenienses.
Outra tradição completamente diferente chega-nos por Diodoro da Sicília, em que os atlantes seriam vizinhos dos líbios e que teriam sido atacados e destruídos pelas amazonas.
Segundo outra lenda, o povo que habitava a Atlântida era muito mais evoluído que os outros povos da época e, ao prever a destruição iminente, teria emigrado para a África, sendo os antigos egípcios descendentes dos atlantes.
Na cultura pop do séc. XX, muitas histórias em quadrinhos, filmes e desenhos animados retratam Atlântida como uma cidade submersa, povoada por sereias ou outros tipos de humanos subaquáticos.
[editar]Teorias e hipóteses sobre sua existência

O tema Atlântida tem dado origem a diferentes interpretações, das cépticas às mais fantasiosas. Segundo alguns autores mais céticos, tratar-se-ia de uma metáfora referente a uma catástrofe global (identificada, ou não, com o Dilúvio), que teria sido assimilada pelas tradições orais de diversos povos e configurada segundo suas particularidades culturais próprias. Consideram também que a narrativa se insere numa dada mitologia que pretendia explicar as transformações geográficas e geológicas devidas às transgressões marinhas.
[editar]Teoria do antigo continente
Há ainda a versão, como a defendida pelo cientista brasileiro Arysio Nunes dos Santos, segundo a qual Atlântida seria nada mais do que o nome grego para uma civilização ancestral, que teria sido descrita com diferentes nomes nas mais diversas culturas. Para Arysio, a Atlântida supostamente real ficaria próxima à Indonésia e diversos povos do mundo, como os gregos, hindus e tupis, seriam descendentes dos atlantes. Ainda, segundo essa teoria, diversas descobertas científicas como a criação de determinadas culturas agrícolas e do cavalo, seriam tributárias dos atlantes; e a causa da submersão da cidade/continente e do dilúvio teriam sido devidas a uma bomba atômica[4].
[editar]Teoria de Tântalis
Alguns pesquisadores acreditam que a Atlântida, nome derivado do deus Atlas, é uma releitura grega da antiga cidade, também perdida, de Tântalis, nome derivado do deus Tântalo. A lenda de Tântalo seria essencialmente a mesma de Tântlis, sendo tântalo uma releitura lídia de Atlas[5]. A Atlântida então, segundo essa versão, nada mais seria que a versão grega da antiga capital da Lídia, Tântalis, conhecida também como Sipylus, que se localizava nas terras de Arzawa, situada na costa ocidental da Anatólia[6]. Segundo escritos antigos e autores clássicos[7], a cidade antiga de Tântalis sucumbiu, devido a um grande terremoto que despedaçou o monte Sipylus, afundando, após isso, nas águas que brotaram de Yarikkaya, uma ravina profunda, transformando-se no lago Saloe. Durante o século XX, o lago Saloe, último vestígio de Tântalis, foi esvaziado sem cerimônia para abrir mais espaço para a agricultura[7].
[editar]Teoria da Antártida
Na década de 1960, o professor Charles Hapgood, tentando entender como ocorreram as eras glaciais, propôs a teoria de que o gelo que se acumula nas calotas polares provocaria um peso suficiente para que o polo terrestre se deslocasse sobre a superfície da Terra, carregando outro continente para o polo e causando uma era glacial nesse lugar[8]. Segundo essa teoria, uma parte dos Estados Unidos já teria se tornado o pólo norte e a Antártida já teria se localizado mais acima no Oceano Atlântico, entre a Argentina e a África. Se valendo dessa teoria, o polêmico jornalista britânico Graham Hancock propôs que o continente perdido de Atlântida seria, nada mais, do que a Antártida antes do último período glacial, quando estaria mais alta no Oceâno Atlântico, e as cidades Atlântidas, por sua vez, estariam em baixo de grossa camada de gelo, tornando impossível sua investigação arqueológica. Essa teoria seria ainda confirmada por uma mapa, o mapa dos antigos reis dos mares, feito por Piri Reis no século XVI, baseado em mapas antigos[8], que mostra um estranho formato para a América do Sul, que seria não a América do Sul, mas sim a Antártida na sua localização não polar. Essa teoria é aceita por alguns, porém não pelos estudiosos atuais[8] que afirmam que o peso dos pólos não seria suficientemente grande para fazer mover os continentes na superfície da Terra, e, ainda, descobriram que o mapa de Piri Reis é realmente o mapa da América do Sul, porém, tendo como referência a cidade do Cairo, o que deu um formato diferente ao continente. Ainda, fotos de satélite tiradas a partir da cidade do Cairo, comprovaram que o formato da América do Sul, vista do Cairo, é como o mostrado no mapa[8]. Outro problema encontrado com esse mapa é que sem o gelo a Antártida teria um formato diferente do que o mostrado, já que o nível da água subiria e deixaria aquele continente com várias ilhas.
[editar]Teoria extra-terrestre
Uma das mais polêmicas teorias sobre a Atlântida foi proposta recentemente pelo pesquisador Prof. Ezra Floid.
Partindo do desenho de cidade circular descrito por Platão, Floid propõe que Atlântida se tratava de uma gigantesca nave espacial, um disco-voador movido à hidrogênio, hidromagnetismo, com uma usina central de Hidro-Forças, chamada de Templo de Poseidon: um imenso OVNI descrito por muitas culturas como "A Ilha Voadora" (citada em Viagens de Gulliver), relacionada com a Jerusalém Celestial descrita na Bíblia, à Purana Hindu que desce do Céu, o Disco Solar dos Astecas, Maias, Incas e Egípcios. Sendo Atlântida uma missão colonizadora, ela teria estado em muitos pontos da Terra, pois se locomovia e se instalava em regiões; este teria sido o motivo pelo qual sua presença ora é imaginada no Mediterrâneo, ora na Indonésia, ora no Atlântico, nos Pólos e nos Andes: Atlântida seria a mesma nave descrita na epopéia dos Sumérios. Segundo esta teoria inovadora do professor Ezra Floid, Atlântida não teria submergido catastroficamente, mas intencionalmente, como parte do projeto colonizador que seu povo realizava no planeta. Após permanecer algum tempo no fundo do mar como cidade submarina, o disco-voador atlante teria usado também a hidroenergia de emersão para lançar-se diretamente no espaço sideral, provocando com sua massa e seu arranque poderoso uma enorme onda circular de tsunami no oceano onde estaria oculta. Os sobreviventes deste tsunami, após a tragédia, teriam julgado que Atlântida havia afundado. No entanto, os atlantes apenas teriam voltado para seu sistema natal.
[editar]Hipóteses sobre a localização geográfica



Locais já cogitados para a localização de Atlântida no Mar Mediterrâneo.
Há diversas correntes de teóricos sobre onde se situaria Atlântida, e sobre quem teriam sido seus habitantes. A lenda que postula Atlântida, Lemúria e Mu como continentes perdidos, ocupados por diferentes raças humanas, ainda encontra bastante aceitação popular, sobretudo no meio esotérico (não confundir com os antigos continentes que, de acordo com a teoria da tectónica de placas existiram durante a história da Terra, como a Pangéia e o Sahul).
Alguns teóricos sugerem que Atlântida seria uma ilha sobre a Dorsal Oceânica que - no caso de não ser hoje parte dos Açores, Madeira, Canárias ou Cabo Verde - teria sido destruída por movimentos bruscos da crosta terrestre naquele local. Essa teoria baseia-se em supostas coincidências, como a construção de templos em forma de pirâmide na América, semelhantes às pirâmides do Egito, fato que poderia ser explicado com a existência de um povo no meio do oceano que separa estas civilizações, suficientemente avançado tecnologicamente para navegar à África e à América para dividir seus conhecimentos. Esta posição geográfica explicaria a ausência concreta de vestígios arqueológicos sobre este povo.




Imagem de satélite das ilhas de Santorini, um dos muitos locais cogitados como a antiga localização de Atlântida.
Alguns estudiosos dos escritos de Platão acreditam que o continente de Atlântida seria na realidade a própria América, e seu povo culturalmente avançado e coberto de riquezas seria o povo Chavín, da Cordilheira dos Andes, ou os olmecas da América Central, cujo uso de ouro e pedras preciosas é confirmado pelos registros arqueológicos. Terremotos comuns nestas regiões poderiam ter dado fim a estas culturas, ou pelo menos poderiam tê-las abalado de forma violenta por um período de tempo. Através de diversos estudos, alguns estudiosos chegaram a conclusão que Tiwanaku, localizada no altiplano boliviano, seria a antiga Atlântida. Essa civilização teria existido de 17.000 a.C. a 12.000 a.C., em uma época que a região era navegável. Foram encontrados portos de embarcações em Tiwanaku, faltando escavar 97,5% do local.
Para alguns arqueólogos e historiadores, Atlântida poderia ser uma mitificação da cultura minóica, que floresceu na ilha de Creta até o final do século XVI a.C. Os ancestrais dos gregos, os micênicos, tiveram contato com essa civilização culturalmente e tecnologicamente muito avançada no início de seu desenvolvimento na Península Balcânica. Com os minóicos, os micênicos aprenderam arquitetura, navegação e o cultivo de oliveiras, elementos vitais da cultura helênica posterior. No entanto, dois fortes terremotos e maremotos no Mar Egeu solaparam as cidades e os portos minóicos, e a civilização de Creta rapidamente desapareceu. É possível que as histórias sobre este povo tenham ganhado proporções míticas ao longo dos séculos, culminando com o conto de Platão.
Uma formulação moderna da história da Atlântida e dos atlantes foi feita por Helena Petrovna Blavatsky, fundadora da Teosofia. Em seu principal livro, A Doutrina Secreta, ela descreve em detalhes a raça atlante, seu continente e sua cultura, ciência e religião[9]. Existem alguns cientistas que remetem a localização da Atlântida a um local sob a superfície da Antártica.
A localização mais recente foi sugerida pela imagem obtida com o Google Earth por um engenheiro aeronáutico e publicada no tablóide The Sun[10], mostrando contornos que poderão indicar a construção de edifícios numa vasta extensão com dimensões comparáveis ao País de Gales e situado no Oceano Atlântico, numa área conhecida como o abismo plano da Ilha da Madeira.

19 de mar. de 2010

Curiosidades da Natureza - Guepardo


Sua velocidade é uma proteção. Talvez, por isso, não tenha medo do homem, sendo facilmente domesticado. Os sultões da índia tinham centenas deles e usavam os Guepardo como cães de caça. Há muito desapareceram da Ásia e hoje são raros na África.
Com um treinamento hábil, o guepardo pode tornar-se uma companhia afetuosa. Tem a agilidade dos grandes felinos. Seu parentesco com eles mostra-se na pequena cabeça redonda, pelagem e grande cauda malhada. contudo, pelas longas pernas, garras não-retráteis de latido, assemelha-se a um cão. A fêmea do guepardo produz de dois a cinco filhotes, duas vezes ao ano. Não se reproduz bem em cativeiro.
Os guepardos são bichos admiráveis. Nenhum mamífero no planeta é mais veloz do que eles. Podem alcançar a incrível velocidade de 120 quilômetros por hora em apenas três segundos. É o equivalente a aceleração de um carro da Fórmula 1.
Tamanha explosão muscular custa caro. Como um corredor de curta distância, o guepardo é rápido, mas tem pouca resistência. Ele gasta tanta energia correndo atrás da presa que fica extenuado. Depois de 30 segundos de perseguição, não tem força nem pra comer na hora. Aí, chega outro bicho e pronto: metade da refeição é sempre roubada.

18 de mar. de 2010

Curiosidades da Natureza - O mais incrível tubarão


O mais incrível tubarão

O megalodon foi o maior tubarão já visto nas águas dos mares da Terra.

Acredita-se que o megalodon se desenvolveu há cerca de 20 milhões de anos e foi extinto nos últimos três ou quatro milhões de anos.

As atuais gaiolas de proteção contra tubarões teriam oferecido pouca resistência diante dessa fera ( Foto Simulação ).
Calgumas vértebras e esqueletos parciais. Os dentes são em muitos aspectos similares aos do tubarão-branco atual (Carcharodon carcharias), mas com um tamanho que pode superar os 17,5 centimetros de comprimento, pelo que se pode considerar a existência de um estreito parentesco entre as espécies. No entanto, alguns investigadores opinam que as similitudes entre os dentes de ambos os animais são producto de um processo de evolução convergente.
As estimativas mais sensatas do tamanho desta criatura oscilam entre os 12 e os 15 metros. As primeiras reconstituições. com comprimentos que podiam chegar aos 30 metros, consideram-se de maneira geral como pouco precisas.
Em 1995, foi feita proposta para mover a espécie para um novo género, Carcharocles. Esta questão ainda não está de todo resolvida. Muitos paleontólogos inclina-se para o nome de Carcharocles, enquanto que outros (sobretudo especialistas em biologia marinha) mantêm a conexão com o tubarão-branco e incluem ambos os animais no género Carcharodon. Os defensores de Carcharocles opinam que o ancestral mais provável do megalodonte foi a espécie Otodus obliquus, do Eoceno, enquanto o tubarão-branco descenderia da espécie Isurus hastalis.
Existe a teoria de que os megalodontes adultos se alimentavam de baleias e que se extinguiram quando os mares polares se tornaram demasiado frios para a sobrevivência dos tubarões, permitindo que as baleias pudessem estar a salvo deles durante o verão.

17 de mar. de 2010

Valéria Messalina


Valéria Messalina (em latim: Valeria Messalina Augusta, 17 (?) - 48) foi a terceira mulher do imperador Cláudio. Filha de Marco Valério Messala Barbato Suetônio, membro de uma família tradicional da aristocracia da República Romana, e de Domícia Lépida, casou-se com Cláudio em 38 d.C. e deu origem a dois filhos: Britânicus e Cláudia Octávia.
Índice [esconder]
1 Antecedentes históricos.
1.1 Um fato pouco observado antes da vida pública.
2 A história narrada por Tácito e Suetônio
3 Valeria Messalina, a antítese da figura descrita por Tácito e Suetônio
3.1 O divórcio de Messalina
3.2 A intervenção da Vestal Máxima e os últimos momentos de Messalina
4 Uma visão questionável de Tácito e Suetónio
5 Fonte
6 Bibliografia
7 Galeria
[editar]Antecedentes históricos.

O primeiro fato controvertido desta figura pública é com relação a data de seu nascimento. Alguns historiadores apontam o ano de 17, porém é quase certo que tenha nascido entre os anos 20 a 25 d.C.. Por volta do ano 38, enquanto Calígula era o imperador, Messalina casou-se com Cláudio, um homem que beirava os cinqüenta anos. Desnecessário salientar que o casamento com Cláudio foi meramente político, sem nenhum amor ou paixão nutrida por parte de Messalina. Em verdade, a família de Messalina estava interessada na possibilidade de Cláudio vir a se tornar, como de fato se tornou um imperador.


Marco Valério Messala Barbato Suetônio, pai de Valéria Messalina.
Aliás, poucos aspectos eram atrativos de Cláudio. Além da idade avançada, Cláudio possuía uma deficiência física na perna direita, além de uma desagradável tendência de cuspir enquanto falava. Costumava adormecer, após os almoços, à mesa, enquanto os presentes atiravam-lhe detritos para humilhá-lo. Disse Sêneca: “sua expressão era de certa forma ameaçadora, sacudia a cabeça continuamente, arrastava o pé direito... e emitia, babando, um resmungo confuso e incompreensível... sua voz não tinha nada de humano... Hércules, vendo tal monstro, pensou que ainda lhe restasse um décimo terceiro trabalho a cumprir. Mas depois, olhando-o melhor, convenceu-se de que estava diante de um meio homem” . Após o casamento, Messalina e Cláudio estabeleceram-se na casa do Palatino, que Cláudio já ocupara antes do matrimônio, a qual ficava próxima da morada do imperador Calígula.
‎Cláudio era o único parente masculino na linha de sucessão direta de seu sobrinho, o imperador, já que Calígula matara todos os outros. Isto fez com que lhe aflorasse um sentimento de tensão e desconfiança latente, frente aos mandos e desmandos daquele. Nesta época, Messalina estava grávida de Cláudia Octávia, e Cláudio passava a ser usado pelos conselheiros do imperador a confrontar seu sobrinho. Oportunidades não faltavam para Calígula matar seu tio, mas não se sabe por que isto nunca ocorreu. Por volta do ano 40, nasce a primeira filha do casal, Cláudia Octávia, que mais tarde viria a ser Octávia Neronis, mulher do imperador Nero.


Detalhe de estátua de Cláudia Octávia, filha de Messalina.
Nesta época, Calígula encontrava-se em campanha militar fora de Roma. Contudo, em que pese a distância, as sandices do imperador chegavam aos ouvidos dos romanos, deixando Cláudio cada vez mais apreensivo, quase neurótico. Em 40, começavam a eclodir movimentos contra o imperador, sintetizado nas palavras e ideais de Flávio Josefo: somente com a morte do imperador Calígula, haveria a restauração da autoridade da lei, a segurança dos cidadãos e a tranqüilidade pública romana. Cláudio estava alheio a estes movimentos mesmo porque sua esposa Messalina, em 41, ano em que Calígula foi assassinado, estava prestes a dar a luz ao segundo filho do casal: Britânicus .


Detalhe de estátua de Tibério Cláudio César Britânico, filho de Messalina.
Em janeiro de 41, com a morte de Calígula, o povo, inseguro com a notícia, temendo que fosse mais um ardil do então imperador, começou movimentos revoltosos por toda a Roma. Os conspiradores, desejando a total ruptura com o que Calígula representava, de forma desumana, dilaceraram Milônia Caesonia (ou Cesônia), então mulher do finado imperador, e sua filha, um bebê, Drusilla.
[editar]Um fato pouco observado antes da vida pública.
Poucos conhecem o fato de que Agripina Minor ou Agripina, a jovem, futura quarta mulher do imperador Cláudio, foi exilada de Roma pelo então imperador Calígula, por conta de uma conspiração contra sua vida. Passou cerca de 10 anos no referido exílio, voltando por volta do ano de 45. Ao embarcar neste exílio, Agripina confiou aos cuidados de Domítia Lépida, mãe de Messalina, o futuro imperador Nero. Agripina, passaria a nutrir um ódio contra a família de Messalina, primeiramente por não ter intercedido em seu favor perante Calígula e, mormente a isto, por não ter cuidado adequadamente de Nero, na época, com idade de aproximada oito anos. Em verdade, Domítia Lépida não se preocupou em dar uma educação adequada ao futuro imperador Nero, deixando-o ser criado pelos empregados e escravos em uma propriedade rural nos arredores de Roma. Além do fato de ser Agripina ambiciosa por natureza (já que desde a época de Calígula, já estava envolvida em tramas políticas), o ódio desencadeado contra a família de Domítia Lépida acabou por, mais tarde, culminar na morte de Messalina.
[editar]A história narrada por Tácito e Suetônio

A sua reputação entre os historiadores do período clássico não é das melhores. Tácito e Suetónio descrevem-na como uma mulher cruel e ambiciosa, com enorme influência sobre o marido que incentivava a executar quem lhe desagradava. Dizem, também, ter sido uma adúltera promíscua, dada a casos escandalosos, que só a confiança cega que Cláudio tinha nela a defendia. Em 48, Messalina teria arriscado levar em frente um plano para assassinar o imperador e substituí-lo pelo amante de então Caio Sílio, contando com o apoio da população romana. Como nunca foi astuta politicamente Messalina não percebeu que Cláudio até era popular junto dos romanos, pelo menos muito mais que ela própria. A conspiração foi desvendada por Narciso, o secretário de Cláudio. Messalina, Caio Sílio e os outros conspiradores foram presos e condenados à morte. O seu estatuto de imperatriz permitiu-lhe a opção do suicídio, mas como não conseguiu acabar com a sua vida foi executada. Depois da sua morte, Cláudio casou com a sobrinha, Agripina, a Jovem.
[editar]Valeria Messalina, a antítese da figura descrita por Tácito e Suetônio



Valéria Messalina e os seus dois filhos
As fontes históricas continuam a ser Tácito e Suetônio. Contudo, dada algumas inconsistências da história por eles narrada - o que se verá em seção própria - os historiadores procuraram alinhar os fatos incontroversos dentro de uma história que, hoje, se reputa mais próxima da realidade de Messalina.
Messalina assumiu o maior posto de uma mulher romana com uma idade inferior a 20 anos. Cláudio, a estas alturas, já possuía aproximadamente 55 anos de idade (idade muito avançada para a época, dadas as condições médicas e de higiene): provecto. Cláudio, não teve educação adequada à sua linhagem real (por causa de seus defeitos físicos, e porque era um dos últimos na linha de sucessão de Calígula, sucessão esta que ocorreu porque o imperador assassinou todos à frente de Cláudio), de maneira que o futuro imperador teve que se dedicar à sua própria educação. Por conta desta dedicação, quando assumiu o Império Romano, Cláudio era um governante preparado, e como de fato acabou por exercer um excelente governo. Contudo, Roma tomava muito tempo do imperador Cláudio, deixando a esmo sua mulher, Messalina, e seus dois filhos. O casamento de interesses forjado pela família de Messalina com Cláudio começava a dar sinais de que não ia muito bem. Messalina, ao contrário do que dizem, não parece ter tido grandes interesses políticos: não era uma figura de grande expressão na sociedade romana. No início, seus interesses restringiam-se apenas à seus dois filhos, que tanto amou até o final de sua vida. Contudo, com o distanciamento do marido Cláudio, Messalina acaba por tentar buscar outras formas de satisfazer-se enquanto pessoa e enquanto mulher. Importante frisar que nesta época Messalina tinha por volta de 20 anos de idade, e estava atrelada a um casamento com um homem de mais de 55 anos de idade que não lhe dava atenção. Esta ausência da presença de seu marido deixou a jovem Messalina, inexperiente e manipulável que era, a mercê de figuras políticas próximas à Casa do imperador, dentre eles Narciso, um conselheiro do imperador. Narciso, juntando forças com Agripina Minor, mais tarde, desenvolveu papel fundamental no assassinato de Messalina.


Valéria Messalina e seu filho, estátua no Museu do Louvre.
É bem provável que Messalina tenha se envolvido em tramas de assassinatos, alguns com fins muito mais passionais do que políticos, e outros, no entanto, por força de manipulações. Narciso foi, sem dúvida, o maior dos interessados por detrás dos atos de Messalina.
Foi neste ambiente de ausência marital que Messalina, um dia, nos jogos, conheceu seu primeiro amor: Mnesteu, um ator, que tinha um relacionamento passado com Calígula. O ator mostrou à moça o lado oculto de Roma, fazendo-a entrar de cabeça em uma diferente vida. Tem-se notícia que o mal-afamado ator não correspondeu aos sentimentos de Messalina o que, possivelmente, gerou em Messalina uma forte depressão com exacerbação destrutiva voltada para o sexo. Vem daí a fama da então Imperatriz. Era impossível para Cláudio não conhecer sobre os atos Messalina. Contudo, nenhuma providência tomava talvez por culpa de seu afastamento do lar; talvez por afeto à esposa; talvez por interesses político ou comodidade; ou por todos estes fatores juntos.
Por volta do ano de 47, Messalina, envolta em uma grave depressão, conheceu o recém-nomeado consul Caio Sílio. Não se sabe exatamente como ela o conheceu, mas o que se sabe é que ele seria o segundo e último amor de sua vida, que a faria esquecer definitivamente Mnesteu. Caio Sílio deve ter sido exceção à regra de idade para nomeação de consul (que era de 43 anos), mesmo porque Tácito não o adjetivaria de “o mais belo de toda a juventude romana” um homem de quarenta anos de idade. Caio Sílio correspondeu ao amor de Messalina, não se sabe se por amor ou por interesses.
[editar]O divórcio de Messalina
Por volta do ano de 48, Agripina Minor, já perdoada do exílio, estava profundamente íntima de seu tio, o imperador Cláudio, face ao espaço que Messalina deixara. Em verdade, o casamento era mais do que nunca de aparências, já que Agripina Minor compartilhava o leito do Imperador; ao passo que Messalina passava a viver em sua antiga casa, a Casa de Palatino, com Caio Sílio. É fato que esta situação tomava rumos inadequados à posição de Cláudio: um imperador, traído por sua mulher, não era um fato muito bem recebido pelo povo romano. A trama ganha força quando Agripina Minor passa a manipular Cláudio: o imperador estava disposta a adotar Nero como filho, concorrendo ao trono com Britânico. Messalina não tinha pretensões políticas. Somente desejava se casar e viver feliz e em paz com seu amor, Caio Sílio, e com seus filhos, respeitado, contudo, o direito ao trono do jovem Britânico. Eis que Cláudio concedeu a Messalina o divórcio. Após o divórcio, Agripina Minor viu o caminho livre para levar a termo seus desejos: vingar-se da família de Messalina; transformar-se ela própria em imperatriz; e fazer Nero imperador de Roma, com a morte de Cláudio, preterindo o legítimo sucessor, Britânico. Messalina, ingênua politicamente, não percebeu as vantagens do divórcio concedido à Agripina Minor. Tão logo recebeu o divórcio, Messalina celebrou casamento com Caio Sílio. Agripina Minor, rapidamente, passaria a sugestionar ao imperador que, com o divórcio, Messalina iria matá-lo e assumir, ao lado de Caio Sílio, o trono romano. Cláudio, já completamente a mercê dos encantos de Agripina Minor e, ainda, com uma constante e latente desconfiança nascida da época que convivia com Calígula, aceitou como verdadeiras as palavras de sua futura quarta mulher. Não se sabe até que ponto Caio Sílio tinha, realmente, a pretensão de chegar ao trono romano. Contudo, ao que parece, tal pretensão, se é que existia, não era compartilhada (ou conhecida) por Messalina. Isto fica evidente com a intervenção da Vestal Máxima.
[editar]A intervenção da Vestal Máxima e os últimos momentos de Messalina


Casa no Palatino.
Messalina estava celebrando as núpcias nos Jardins do Palatino, como diz Tácito, “per domum” . Isto indica que Messalina nada tinha a temer de Cláudio, já que a festa era realizada nas redondezas do Palácio Imperial. Narciso, unido forças com a futura imperatriz Agripina Minor, buscava o fim da estirpe de Messalina, dando-lhe o golpe de misericórdia: Cláudio foi convencido que Messalina buscava o trono romano. A notícia de destacamentos pretorianos indo em direção à Palatino deixou todos apreensivos. A festa cessou e a multidão dissipou. Caio Silio tentanto escapar da ira do imperador, foi ao Senado Romano, onde mais tarde foi preso. Messalina dirigiu-se à residência de sua mãe, tendo em companhia seus filhos Claúdia Octavia com pouco mais de oito anos, e Britânicus, com aproximadamente sete anos.
Não se sabe ao certo como Vibídia, a Virgem Vestal Máxima, sacerdotisa maior do templo de Vesta, mulher que desfrutava da mais alta autoridade moral e religiosa, acabou por ter conhecimento do ocorrido com Messalina. O que se sabe é que a Virgem Máxima interveio em favor da ex-imperatriz, de certo porque Messalina não praticara nenhum crime de lesa majestade, nem tampouco de bigamia, já que quando se casou com Caio Sílio, havia se divorciado de Cláudio. Com a intervenção de Vibídia, Messalina e seus filhos procurariam ir à presença do Imperador desfazer a pena de morte imposta à ex-imperatriz. Vibídia tinha certa idade, e não conseguia caminhar de forma tão lépida quanto Messalina. Desta forma, para vencer a longa distância até onde se encontrava o imperador, um transporte seria necessário. Ninguém, contudo, estava disposto a ceder um meio de transporte à ex-imperatriz, com medo do envolvimento nos crimes que supostamente ela cometera. A humilhação final à ex-imperatriz Messalina e seus filhos, repartida com a maior Sacerdotisa Romana, foi usar como transporte um carro usado para recolher lixo. A carroça conseguiu interceptar o carro de Cláudio, que há pouco chegara à Roma. Vibídia solicitou diretamente ao imperador uma audiência, que achou melhor concedê-la assim que chegasse ao Palácio. Esta audiência nunca ocorreu. Messalina dirigiu-se à casa de sua mãe, aguardando a referida audiência. Os processos de execução foram sumariamente despachados pelo imperador, apressados por Narciso. Caio Sílio foi o primeiro a morrer.
No ano de 48, Messalina, nos jardins da casa de sua mãe, Domícia Lépida, soube de sua sentença de morte por crime de bigamia. À jovem de aproximadamente vinte e cinco anos cabia o direito ao suicídio. Não conseguiu, no entanto, tirar sua vida própria, vindo a ser executada, em seguida, por um pretor.
[editar]Uma visão questionável de Tácito e Suetónio

Alguns pontos da história narrada por Tácito e Suetónio são contraditórios em face da realidade. Observe-se, pois, os principais fatos que geram incosistência sobre a história de Messalina tal qual narrada por estes historiadores:
Messalina casou-se, com idade de aproximadamente 15 anos, com Cláudio, homem com idade aproximada de 50 anos.
Uma menina desta idade, criada para o lar, não tem ambições políticas.
O casamento de Messalina e de Cláudio foi puramente por interesse da família Messalla, já que Cláudio era o único parente vivo do então imperador Calígula.
Por outro lado, para Cláudio, o casamento também foi interessante dados os defeitos físicos e idade avançada. Além do que, Messalina era moça de uma importante família romana.
Cláudio tinha verdadeira neurose acerca de conspirações, já que Calígula era uma figura instável, em parte, justamente por conta de conspirações que nem sempre existiam.
Agripina Minor havia sido exilada de Roma por Calígula.
Agripina Minor culpava a Messalina e Cláudio por não ter intercedido em seu favor para evitar o banimento.
Não mais bastasse, Agripina Minor deixou aos cuidados de Domitia Lépida, mãe de Messalina, seu filho, Nero, cuidados estes que não foram adequados à melhor formação de um cidadão romano.
Cláudio não queria/podia dar atenção à sua jovem mulher, abrindo caminho à figuras manipuladoras, dentre as quais Narciso, conselheiro do imperador.
Com o afastamento de Cláudio, Messalina acabou por encontrar Mnesteu, um ator que mostrou à Imperatriz um lado obscuro e decadente de Roma.
Tendo em vista o amor não correspondido por Mnesteu (que provavelmente era homossexual), somada à distância de Cláudio, Messalina provavelmente (provavelmente?) entrou em depressão e mergulhou no mundo mostrado por Mnesteu.
Messalina se recuperou quando encontrou seu último amor, Caio Sílio que, não se sabe se por amor ou por interesses, lha correspondeu.
Agripina Minor, já há algum tempo regressada do exílio, notoriamente compartilhava o leito do imperador Cláudio. Messalina já, praticamente, passava a viver em sua antiga casa, o Palatino, próxima ao palácio imperial.
Cláudio concedeu à Messalina o divórcio.
Isto deixou Messalina à mercê da trama de Agripina Minor e de Narciso em colocar Nero na posição de imperador.
Agripina Minor e de Narciso sugestionam Cláudio que Messalina está envolta em uma trama para lhe dar fim e assumir o trono romano, ao lado de Caio Sílio.
Possivelmente, Caio Sílio realmente planejava um ataque ao imperador. Porém, tudo leva a crer que Messalina não estava envolvida e nem conhecia isto.
Messalina e Caio Sílio celebram bodas na Casa de Palatino.
Cláudio manda prender a todos os envolividos por crime de sedição/lesa majestade. Contudo, não há provas contra Messalina.
O mais importante fato desta história, ignorado por todos: a maior autoridade religiosa, a Vestal Máxima Víbídia intercede em favor de Messalina. É dificil conceber a intervenção de uma "papisa" em favor de uma mulher que, conforme descrita por Tácito e Suetónio, fosse maquiavélica, manipuladora, cruel e ambiciosa.
De fato, ao que parece, Messalina não cometeu crime algum de sedição/lesa majestade.
Sob a influência de Narciso, Cláudio "revogou" o divorcio concedido à Messalina e condenou-a por bigamia e lesa majestade.
A visão passada pelos historiadores Tácito e Suetónio fica prejudicada como fiel instrumento da verdade porque: 1. Ambos homens, com uma visão limitada dos direitos da mulher; 2. Ambos historiadores com profundos interesses políticos em enfraquecer o imperador e o império; 3. Ambos, possivelmente, suscetíveis a interesses de Agripina Minor.
Messalina não fica isenta de culpa de seus atos, se é que os praticou. Isto não a torna uma Santa. Mas com a verdade, cai por terra a caricatura que se faz de Messalina, que suportou, ao longo da história, nomes depreciativos dos mais diversos (desde ninfomaniaca, prostituta e meretrix augusta, envolta em politicagem, ambiciosa, etc.).
Diversas mulheres, ao longo da história, receberam alcunhas que nem sempre (ou quase nunca) refletiam sua pessoa: Maria Madalena, Joana D’Arc, Maria Antonieta, Ana Bolena, Maria I Tudor,enfim, figuras controversas (já que não ajustadas no padrão societário da época) com imagem distorcidas por pessoas com interesses opostos. A história é escrita por quem vence a guerra. (quem venceu a guerra da história foram os 'estoriadores' progressistas, infelizmente)