18 de dez. de 2008

Eutanásia na TV incendeia opinião pública britânica


Documentário. A Sky TV vai mostrar os últimos momentos

de um doente terminal, que colocou termo à vida em 2006. "Voyeurismo irresponsável", consideram os defensores da vida, "um trabalho informativo e educativo", defende o canal
Ofcom, que só pode agir depois, diz estar atento
"Estou a morrer. Não faz sentido... tentar negar esse facto." Estas são palavras de Craig Ewert, um norte- -americano de 59 anos que decidiu, em Setembro de 2006, pôr termo à vida por sofrer de uma doença neurológica que o paralisava há anos, no documentário sobre a eutanásia que a britânica Sky Real Lives se prepara agora para exibir.
Realizado pelo vencedor de um Óscar em 1983 John Zaritsky, o documentário Direito a Morrer? mostra os últimos momentos de Craig Ewert, pai de dois filhos, ex-professor universitário que se mudou para o Reino Unido para "escapar dos EUA de Bush", acompanhado pela sua mulher Mary, na controversa clínica suíça Dignitas, em Setembro de 2006.
"Se eu não fizer isto (suicidar-se de forma assistida), a minha opção é, basicamente, sofrer, causar sofrimento à minha família e depois morrer", diz Craig Ewert no programa, no qual, ao lado da mulher com quem viveu 37 anos, Ewert aparece paralisado na clínica suíça, em Zurique, bebendo uma mistura de sedativos e desligando as próprias máquinas. Um serviço que terá custado 3,5 mil euros, diz a imprensa internacional.
Várias entidades contra a eutanásia reagiram de imediato, defendendo que a exibição do documentário é "um voyeurismo irresponsável". Criticando ainda que o programa é uma "tentativa cínica de captar audiências", Peter Saunders, director da Care Not Killing, uma associação de 50 organizações contra a eutanásia, defende que o programa "só vai intensificar a pressão real ou imaginária sentida pelas pessoas que consideram pôr termo às suas vidas por medo de serem um estorvo para as que amam, para quem cuida delas ou para a sociedade".
O próprio primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, foi chamado a pronunciar-se sobre o documentário, dizendo que este "aborda questões muito difíceis". No entanto, defende ser "necessário que nunca haja casos no país em que uma pessoa doente ou velha se sinta pressionada a concordar com a morte assistida".
A directora da Sky Real Lives, Barbara Gibson, defendeu o documentário argumentando que aborda "um assunto que afecta cada vez mais gente", além de se tratar de uma peça "informativa, articulada e um insigth sobre uma decisão que alguns têm de fazer".
Por seu turno, ao jornal Independent, a viúva de Craig Ewert defendeu o documentário, dizendo que o mesmo serve para ajudar as pessoas a "encarar os seus próprios medos" sobre a morte. E, continua, "para Craig, meu marido, permitir que as câmaras filmassem os seus últimos momentos em Zurique foi enfrentar o fim com honestidade".
Frisando que não pode agir antes de qualquer programa ser exibido, o regulador dos media britânico, Ofcom, disse que iria estar atento.
Ewert, na cama, entubado, troca um último beijo com Mary, a quem diz: "Amo-te muito", ao que ela responde: "Tenha uma boa viagem. Veremo-nos em breve."

ÊXODO 20:13

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