26 de fev. de 2010

Reforma

Na Suíça de fala alemã, Ulrico Zuínglio, Johannes Oekolampad e outros começaram também uma tentativa de reforma da Igreja católica, de caráter mais urbano e enriquecida pelo humanismo de Erasmo de Roterdão.
João Calvino o dirigente desta segunda geração da Reforma protestante, chamada popularmente calvinista. Esta corrente foi a mais dinâmica e internacional do Protestantismo entre os séculos XVI e XVII.
A Igreja da Inglaterra não se deixou influenciar, num primeiro momento, pelo protestantismo, mas depois de sua quebra com a Igreja de Roma, começou uma aproximação com os ideais reformados. Atualmente as igrejas da Comunhão Anglicana se declaram claramente reformadas.


Martinho Lutero.
O protestantismo apresenta elementos em comum apesar de sua grande diversidade. A Bíblia é considerada a única fonte de autoridade doutrinal e deve ser interpretada de acordo com regras históricas e lingúisticas, observando-se seu significado dentro de um contexto histórico. A salvação é entendida como um dom gratuito (presente, graça) de Deus alcançado mediante a fé . As boas obras não salvam, sendo resultados da fé e não causa de salvação. O culto sempre é no idioma vernáculo e em sua grande maioria é simples tendo como base as Escrituras Sagradas. O protestantismo histórico, conserva as crenças cristãs ortodoxas tais como a doutrina trinitária, a cristologia clássica, o credo niceno-constantinopolitano, entre outros. Os protestantes expressam suas posições doutrinais por meio de Confissões de Fé e breves documentos apologéticos. A Confissão de Augsburgo expressa a doutrina Luterana. As confissões reformadas incluem a Confissão Escocesa (1560), a segunda Confissão Helvética (1531), a Confissão de Fé de Westminster (1647), os 39 Artigos de Religião da Igreja da Inglaterra (1562). As Declarações de Barmen contra o regime Nazista e a Breve Declaração de Fé da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos são exemplos de declarações de fé recentes.
O ensino religioso, tem como base o estudo de catecismos. No Luteranismo fazem-se uso dos Catecismo Maior e Menor de Lutero. O catecismo de Heildelberg e o Catecismo Maior e Menor de Westminster são utilizados pelas Igrejas Reformadas. O protestantismo rejeita parte das doutrinas que caracterizam o catolicismo; tais como: o purgatório, a supremacia papal, as orações pelos mortos, a intercessão dos santos, a assunção de Maria e sua virgindade perpétua, a veneração dos santos, a transubstanciação, o sacrifício da missa, o culto às imagens, etc.
O protestantismo, em maior parte, segue a doutrina agostiniana da eleição. Estabelece que a salvação é pela graça (favor imerecido) de Deus. Para os protestantes a autoridade da Igreja está vinculada a obediência da palavra de Deus e não à sucessão apostólica. Assim sendo, a Igreja cristã existe onde se escuta e obedece a palavra de Deus.
O protestantismo deseja regressar às doutrinas apóstolicas e à simplicidade da fé e prática da Igreja primitiva. Portanto deve-se ao protestantismo a iniciativa as primeiras práticas ecumênicas adotadas a partir da segunda metade do século XIX. Vale lembrar que até hoje a Igreja Católica não faz parte do Conselho Mundial de Igrejas, e somente abriu-se ao dialógo ecumênico em 1965, após o Concílio Vaticano II.
Os "reformadores" foram pessoas de vasta cultura teológica e humanista: Calvino estudou em Sorbonne e seu pai era bispo, Lutero foi monge e profesor universitário da Bíblia; Zuínglio era sacerdote e humanista. De acordo com o programa dos humanistas, buscaram nas fontes da antigüidade cristã as bases para uma renovação religiosa. Lendo as Sagradas Escrituras e retornando aos Pais da Igreja, descobriram uma nova visão da fé e uma doutrina bíblica cristocêntrica.
O protestantismo se disseminou principalmente nos meios urbanos e através da nobreza. A difusão das idéias protestantes foi facilitada pela invenção da imprensa, que tornou possível a divulgação e a tradução da Bíblia nas línguas vernáculas. Desde então, as doutrinas cristãs passaram a necessitar do aval bíblico.
No Concílio de Trento, os bispos católicos partidários de Roma optaram por limitar o aceso laico as escrituras, proibindo a tradução da Bíblia para o vernáculo e impondo a Vulgata em latim como a única Biblia autorizada e aumentando o índice de livros proibidos aos fiéis (Index Librorum Prohibitorum).


João Calvino
A "Reforma" Protestante alcançou êxito em muitas áreas da Europa. Em sua forma luterana é predominante no norte da Alemanha e em toda a Península Escandinava. Na Escócia surgiu a Igreja Presbiteriana. As Igrejas Reformadas também frutificaram nos Países Baixos, na Suíça e no oriente da Hungria. Com o desenvolvimento dos impérios europeus , principalmente o Império Britânico, nos séculos XIX e XX o protestantismo continuou a se expandir, se tornando uma fé de escala mundial. Atualmente mais de 600 milhões de pessoas professam alguma das diferentes manifestações do protestantismo no mundo.[carece de fontes]
O protestantismo assumiu três formas básicas: a luterana, a reformada (calvinista) e a anglicana. O protestantismo não possui organização centralizadora, porém suas igrejas estão organizadas em igrejas nacionais e em concílios internacionais tais como a Aliança Mundial de Igrejas Reformadas e a Federação Luterana Mundial.
O trabalho missionário do século XIX levou a coperação interdenominacional e consequentemente ao movimento ecumênico do qual surgiu o Conselho Mundial de Igrejas.[carece de fontes]
Fora desse protestantismo, que muitos estudiosos denominam "protestantismo magisterial", surgiu outro ramo que se distinguiu tanto do catolicismo como das igrejas protestantes de caráter histórico-nacional. Este ramo recebe o nome de Reforma Radical. O historiador George Williams distingue as seguintes correntes dentro desta reforma: espiritualistas, racionalistas e anabatistas. Os anabatistas rechaçaram a união da igreja e estado e repudiaram o batismo infantil, constituindo-se em igrejas independentes ou segregadas. A maior aportação à modernidade descansaria em sua persistente promoção da separação entre a igreja e o estado, a liberdade religiosa pessoal e o exercício de um governo plenamente democrático em suas congregações.
[editar]Pilares da Reforma Protestante
Sola Scriptura (Somente a Escritura) - afirma a doutrina bíblica de que somente a Bíblia é a única autoridade para todos os assuntos de fé e prática. As Escrituras e somente as Escrituras são o padrão pelo qual todos os ensinamentos e doutrinas da igreja devem ser medidos. Como Martinho Lutero afirmou quando a ele foi pedido para que voltasse atrás em seus ensinamentos: "Portanto, a menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pelo mais claro raciocínio; a menos que eu seja persuadido por meio das passagens que citei; a menos que assim submetam minha consciência pela Palavra de Deus, não posso retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão falar contra a consciência. Aqui permaneço, não posso fazer outra coisa; Deus queira ajudar-me. Amém."
Sola Gratia (Somente a Graça ou Salvação Somente pela Graça) - afirma a doutrina bíblica de que a salvação é pela graça de Deus apenas, e que nós somos resgatados de Sua ira apenas por Sua graça. A graça de Deus em Cristo não é meramente necessária, mas é a única causa eficiente da salvação. Esta graça é a obra sobrenatural do Espírito Santo que nos traz a Cristo por nos soltar da servidão do pecado e nos levantar da morte espiritual para a vida espiritual.
Sola Fide (Somente a Fé ou Salvação Somente pela Fé) - afirma a doutrina bíblica de que a justificação é pela graça somente, através da fé somente, por causa somente de Cristo. É pela fé em Cristo que Sua justiça é imputada a nós como a única satisfação possível da perfeita justiça de Deus.
Solus Christus (Somente Cristo) - afirma a doutrina bíblica de que a salvação é encontrada somente em Cristo e que unicamente Sua vida sem pecado e expiação substitutiva são suficientes para nossa justificação e reconciliação com Deus o Pai. O evangelho não foi pregado se a obra substitutiva de Cristo não é declarada, e a fé em Cristo e Sua obra não é proposta.
Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus) - afirma a doutrina bíblica de que a salvação é de Deus, e foi alcançada por Deus apenas para Sua glória.
[editar]Diferenças quanto ao catolicismo

As igrejas protestantes tiveram a sua origem justamente devido as suas divergências teológicas com a Igreja Católica Romana. Abaixo elencaremos algumas delas.
[editar]Interpretação da Bíblia
O protestantismo tem como um de seus principais princípios a interpretação privada ou juízo privado dos textos bíblicos,[1] fruto da Reforma Protestante, quando Lutero, em outubro de 1520, enviou seu escrito "A Liberdade de um Cristão" ao Papa, acrescentando a frase significativa "Eu não me submeto a leis ao interpretar a palavra de Deus". Disse Lutero também em outra ocasião que é "sempre melhor ver com os próprios olhos do que com os de outras pessoas" ("always better to see with one's own eyes than with those of other people").[2] Isso posteriormente acabou originando o direito fundamental de liberdade religiosa, bem como a própria ideia de democracia,[3] ao consagrar a ideia de horizontalidade dos fieis protestantes, ao contrário da verticalidade do catolicismo, cuja última opinião em matéria de interpretação bíblica pertence ao Papa. Na maioria dos ramos do protestantismo, a opinião de cada um dos fiéis em matéria de interpretação bíblica tem o mesmo peso.
[editar]Críticas ao culto de imagens e de santos
Em sua interpretação bíblica, os protestantes entendem não ser um ensinamento bíblico cultuar imagens e santos, e criticam o catolicismo de, por outro lado, contrariar a Bíblia ao pregar a veneração a Maria e aos Santos. Consideram a venda de imagens de santos como um mercantilismo inaceitável.
[editar]Críticas às confissões
Também através de sua interpretação bíblica, entendem os protestantes não existir a necessidade de confissão de pecados para algum membro de sua Igreja para ter seus pecados perdoados. Essa seria uma relação entre o fiel e Deus, sem necessidade de um mediador.
Para sustentar essa opinião, os protestantes apontam Mateus 1:21 ("Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles"), Atos 4:12 ("E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos"), e, 1 Timóteo 2:5 ("Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem").

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