28 de jan. de 2010

Roberto I da Escócia


Roberto Bruce foi um dos mais famosos guerreiros de sua geração. Comandou os escoceses durante as Guerras de Independência Escocesa contra a Inglaterra. Reivindicou o trono na qualidade de descendente (sexta geração) de Davi I da Escócia. Segundo conde de Carrick, para se distinguir do pai e do avô, que tinham o mesmo nome, se refere a ele frequentemente como Robert de Brucce VIII. No fim da vida, leproso, refugiou-se no castelo de Cardoss, na margem norte do Firth of Clyde. Era assim neto do Velho Competidor que, em 1286, quando morreu Alexandre III, tinha sido pretendente ao trono contra Baliol e contra os Comyns.
Primogênito, foi o sexto senhor de Annandale, Rei da Escócia em 1306. Seu pai, também chamado Robert Bruce (1253-1304), senhor ou Lord of Annandale, conde ou Earl of Carrick por direito da mulher, em 1271 era senhor do castelo de Turnberry. Passou a juventude na Inglaterra na corte de Eduardo I, a quem jurou fidelidade em 1296 enquanto conde de Carrick pois, na verdade, combatia Balliol. Renovou o voto de homenagem mais tarde em Carlisle.
[editar]A guerra da Independência


Robert de Bruce.
Pouco depois, com seus vassalos Carrick, uniu-se à revolta de William Wallace quando da verdadeira rebelião nacional. Obrigado a capitular em 1297, submeteu-se outra vez. Quando Wallace renunciou à Guarda da Escócia, Bruce e um sobrinho de Balliol, John "Red" Comyn o substituíram como guardiães conjuntos. Foi nomeado em 1298 um dos quatro guardiães da Escócia [1298]; não lutou contra Eduardo até o levante final de 1306 e esteve mesmo ao lado de Eduardo I em 1304 - mas parece ter tido então contactos com os defensores da causa nacional.
Uma das batalhas mais decisivas teve lugar em 1302. Teve lugar não na Escócia mas em Flandres quando em Courtrai, a cavalaria francesa foi completamente destruída por um exército de soldados da infantaria flamenga armados de lanças que enfrentaram os cavaleiros antes de os massacrar. A batalha foi decisiva porque os escoceses não estavam ganhando sua guerra contra os ingleses mas Eduardo lutava em duas frentes, e achava cada vez maiores dificuldades. Diversas campanhas inglesas na Escócia só haviam conseguido destruir pela fome seus exércitos invasores. Mas com o rei francês sem exército, pedindo paz a Eduardo, os escoceses só tinham uma opção: enfrentar ou render-se. Para crédito seu, enfrentaram os ingleses até 1305.
Obteve as terras do pai e se tornou em 1304 o sexto senhor de Annandale e chefe da família; exigia o trono escocês no seu direito de trineto de David I da Escócia.


Estátua equestre de Robert de Bruce.
Seis meses depois da execução da Wallace, a rebelião ainda persistia na Escócia e o homem que se encarregava disso era Robert Bruce, conde de Carrick, senhor ou Lord of Annandale. Desde a morte do pai herdara seu direito ao trono, e estava disposto a se impor pela força. Sua família tinha laços com os magnatas do norte e ao sul da fronteira. A abadia de Guisborough em Northumberland tinha sido fundada pelos Bruce. Como competidor, Bruce tinha laços na corte inglesa e propriedades extensas na Inglaterra: aplicava a lei como «justiciar» em nome do rei Eduardo, no norte da Inglaterra. Seu filho também tinha laços com a corte inglesa e durante certo tempo chegou a ser guardião do castelo de Carlisle. O jovem Robert Bruce cresceu na corte de Eduardo e tinha muito conhecimento dela, e era ainda um favorito do rei Eduardo. Entretanto, era conhecido por seu temperamento duro, e tinha a sensação que sua família tinha sido privada da coroa escocesa. Nos anos iniciais da rebelião, Bruce hesitava ao perceber que queria lutar pela Escócia, consciente de que qualquer luta teria que ser travada em nome de Balliol. E, assim como a maior parte dos magnatas escoceses, mudou de lado em mais de uma ocasião, segundo soprassem os ventos. No início de 1306, porém, as coisas tinham mudado.
Um incidente decidiu seu futuro: a altercação em 1306 com John Comyn, sobrinho de João ou John Baliol, rival com direitos ao trono. Diz-se que, buscando uma reconciliação, apunhalou-o impulsivamente em Dumfries em 10 de fevereiro de 1306 dentro da igreja dos frades menoritas. Depois disso retornou ao acampamento de Eduardo em busca do perdão mas foi outra vez proscrito e excomungado pela Igreja. Teve que fugir e se esconder numa caverna, numa ilha da costa da Irlanda. Era o chefe da família e enfrentava uma crise. Estava em Londres quando soube que John Comyn, senhor de Badenoch, tinha desvendado ao rei Eduardo um complô que Bruce tecia para obter o trono. Bruce fora avisado e pôde escapar. Por isso o encontro na igreja em Dumfries, mas o assassinato mudou dramaticamemte sua situação. A opção que lhe restava era lutar pelo trono o mais depressa possível e lidar como rei com a ira dos Comyn. Decidiu ir para Scone, passando por Glasgow para ser absolvido do assassinato sacrílego.
[editar]Coroação


Estátua de De Bruce perto do Castelo de Stirling.
Tornando-se campeão da nação escocesa, fez-se coroar em 27 de março de 1306 em Scone. Dois meses depois foi coroado em Scone outra vez por Isabel, a viúva de John Comyn (1260-1306), condessa de Buchan (que era filha de Duncan, conde de Fife, do partido oposto; como representante do irmão, coroou Bruce). Por isso os ingleses a prenderam em uma gaiola de ferro em Berwick ou Berwich, e soltaram-na apenas em abril de em troca de Humphrey de Bohun. Os Condes de Buchan, de inicia, estavam unidos ao condado de Mar. Alexandre Comyn (1235-1290), dos mais poderosos, herdou enormes propriedades em Galloway, Fife e Lothians e o cargo de condestável ou constable por direito da mulher. Era um dos magnatas que em 1283 se comprometeram a manter a sucessão da coroa de Margarida da Escócia e um dos seis Guardiães nomeados na morte de Alexandre III da Escócia em 1285. Seu filho João ou John tinha sido um dos nomeados por Baliol em 1291 e lutou contra Roberto Bruce até dezembro de 1307 e de novo em maio de 1308, quando foi derrotado depois do que se retirou para a Inglaterra, quando suas propriedades e honras na Escócia foram confiscados.
[editar]Luta para manter o trono
Assim, apressadamente coroado em Scone, Roberto foi derrotado pouco depois por uma pequena tropa inglesa em Methven, nos arredores de Perth. Mandando para o norte sua esposa e sua irmã, Bruce fugiu para o oeste com o que restava de seus homens. Ajudado por pequeno número de homens resolutos, enfrentou as forças inglesas que o perseguiam, controlando logo o sudoeste do país. Mas nem tudo eram rosas pois foi derrotado de novo por Lame John MacDougall em Dal Righ em Argyll, e fugiu para as ilhas.
Desconhece-se onde passou o inverno de 1306 para 1307 pois se nomeiam ilhas, desde Rathlin, no norte da Irlanda, a Orkney. Deve ter ficado em uma das Hébridas, talvez em terras de Angus og Macdonald, pois certamente sua esposa e sua irmã estavam tentando escapar num barco quando foram capturadas no castelo de Kildrummy e presas.
A guerra de independência durou de 1306 a 1314 e Bruce, de chefe da guerrilha, passou a líder nacional, apesar do pouco valor do direito ao trono. Suas maiores derrotas aconteceram em Perth (diante de um exército inglês), Methven e em Dalry, diante do senhor ou Lord de Argyll, parente do assassinado Comyn. A situação de início não lhe foi favorável, pois o reino era pisado pelas tropas inglesas e o norte da Escócia lhe era hostil. Mas durante o inverno, fez seus planos para o futuro e em 1307 sua sorte mudou, pois derrotou em maio os ingleses em Loudoun.
1307 foi o ano chave na luta escocesa pela independência. Bruce desembarcou em Turnberry, encontrando a área coberta de tropas inglesas. Soldados chefiados por seus irmãos mais novos foram capturados e decapitados. E repentinamente, a sorte - na colina de Loudon em Lanarkshire, Bruce venceu soldados ingleses. Eduardo, zangado, tinha ordenado a campanha para vencer Bruce mas estava doente e o exército marchou para o norte mas não chegou à Escócia. O rei Eduardo morreu nos arredores do rio Solway amaldiçoando os escoceses. Ordenou que ser cadáver fosse fervido e os ossos carregados com os soldados. Mas seu filho Eduardo II, mais pragmático, sem a força do pai, marchou rumo ao sul, para Londres.
Bruce resolveu capturar sua casa, o castelo de Turnberry e atacou o inimigo ali entrincheirado, por surpresa, tomando cavalos, armas, alimentos e soube então que três irmãos, sua esposa, irmã e filha estavam presos pelos ingleses. Embora rei, ainda não era apoiado pela maior parte dos aristocratas e teve que disputar castelo a castelo para expulsar os ingleses das terras da Escócia. Por sua perseverança, em 1324 tinha todos os castelos da Escócia em suas mãos, exceto o de Stirling. Um combate nas encostas do Ben Cruachan em Argyll derrotou os MacDougalls e chegou a vez dos Comyns. Na parte final de 1307 e durante 1308, as terras dos Comyns em Buchan e Badenoch foram devastadas e queimadas, depois confiscadas e oferecidas a partidários do rei.
Bruce reuniu seu primeiro Parlamento e depois de suas grandes vitórias em 1310-1314 teve o controle do norte, dos castelos de Edimburgo e Roxburgh. Stirling era agora o único bastião inglês ao Norte.
[editar]Bannockburn


Bruce em revista às tropas antes da batalha de Bannockburn.
No combate aos ingleses, ajudaram-no a incapacidade, o desinteresse, os problemas políticos de Eduardo II. Não houve mais invasão inglesa efetiva até 1314. Obteve o apoio da Igreja, destruiu a influência dos rivais, e afinal conseguiu expulsar os ingleses: derrotou em 1314 em Bannockburn o exército de Eduardo II que tentava perfurar o bloqueio ao castelo-fortaleza de Stirling. Stirling deveria, por acordo firmado com os homens que o guarneciam, ser entregue à Escócia no verão de 1314, mas os ingleses conseguiram levantar tropa e avançar para Stirling quando foram aniquilados por Bruce com um exército três vezes menor. Essa vitória espetacular de 24 de junho de 1314 em Bannockburn, perto do castelo de Stirling, sobre o exército inglês de 10 mil cavaleiros e 50 mil infantes não acabou a guerra [que só teria fim em 1328] mas decidiu a guerra civil escocesa, deixando-o sem rivais. A Inglaterra ficou paralisada por dez anos.
Depois de 1318, todos os grandes proprietários escoceses tiveram que decidir quais propriedades manteriam e jurar fidelidade ao rei apropriado - se quisessem ter suas terras escocesas, teriam que abandonar as propriedades na Inglaterra - ou o contrário. Nesse ano o Parlamento escocês passou um decreto segundo o qual se o rei morresse sem filhos, seu neto Robert Stewart seria seu sucessor - mas nasceu-lhe um outro filho, David II Bruce, em 1324.
A «Declaração de Arbroath» em 1320, reafirmação da independência da Escócia composta por seu chanceler Bernardo de Linton, e uma missão a Avignon, persuadiram afinal o papa João XXII a reconhecê-lo como o rei da Escócia em 1322.
Invadiu ainda duas vezes a Inglaterra e em 1323 concluiu com o rei Eduardo II uma trégua por treze anos. Quando Eduardo III subiu ao trono inglês em 1327 houve nova guerra, e os ingleses foram outra vez vencidos. Em 1328 assinaram os dois países o Tratado de York ou de Northampton, que reconhecia a independência da Escócia e o direito que tinha Bruce de nomear herdeiro ao trono. Roberto se aproveitou da subida ao trono do jovem rei para forçar o tratado, mas pouco depois morreu.
[editar]Morte


Máscara mortuária de De Bruce.
Quando a notícia de sua morte chegou à Inglaterra, a Escócia era livre e reis escoceses podiam ser ungidos. Bruce conseguiu mais em seu reino do que numerosos reis anteriores, pois conseguira unir um reino sob suas mãos. A partir de então, cessaram os conflitos de lealdade nos homens dos dois lados da fronteira entre os dois países.
Como sempre quisera partir em Cruzada, quando morreu seu coração foi posto num cofre de prata e guardado por Sir James Douglas, que planejava uma Cruzada à Terra Santa. Douglas, a caminho, uniu-se às tropas do rei de Castela e morreu em luta contra os mouros. Antes de morrer, jogou o cofrezinho no meio do alvoroço da batalha e gritou: "Vá adiante, coração valente, como sempre fez e eu o seguirei ou morrerei!" O cofre foi recuperado e voltou à Escócia.
No final de sua vida, vê-se que Bruce conseguira aquilo pelo qual lutara. A Escócia, de novo um reino independente, o relembrará sempre como o Bom Rei Roberto e seu triunfo em Bannockburn é o legado que une os escoceses em qualquer lugar onde se achem. A Escócia nunca mais foi conquistada. O legado final de Bruce foi confirmar a Escócia como nação separada e distinta, não apenas um reino mas uma comunidade, um povo, no fim de tudo uma nação. Deixou o reino mais forte do que nunca, com parlamentos sendo regularmente convocados, impostos recolhidos, e botim inglês enchia os cofres. Havia paz entre os magnatas (uma conspiração descoberta foi tratada com severidade e os traidores punidos) e o serviço devido ao rei pelos barões regularizado e em ordem - uma grande melhora, em comparação com o passado.
[editar]Sua família
O irmão de Robert Bruce, Eduardo Bruce (?-1318) conde de Carrick, foi rei da Irlanda em 1316. Casara com Isabel, filha de Guilherme, conde de Ross. Já sua irmã, Isabel Bruce (1275-1358) foi rainha da Noruega pois em 1293 casou com o rei Érico II Proestehada Rei da Noruega, da dinastia Ynglinga. Foi madrasta assim de Margarida, a donzela da Noruega. Outra irmã, Cristina Bruce, morta em 1357, casou em 1292 com Patrick (?-1305), 7º conde ou Earl of Dunbar e March. Casou depois com Gratney ou Gartnait, filho de Donald, Conde de Mar e por terceira vez em 1305 com Sir Christophe Seton (morto em 1306 em Dumfries).
[editar]Casamento e posteridade


De Bruce e Elizabeth de Burgh.
Casou em 1296 com Isabel de Mar, filha de Donald, conde do Mar e depois, em 1302, com Elizabeth de Burgh (?-1327), fª de Richard de Burgh, 2º conde de Ulster, filho de Walter de Burgh, morto em 1271 e desde 1255 titulado lord of Connaught, Conde de Ulster. A antiga província de Galloway ficava no lado sudoeste da Escócia e incluía o que se conheceria como Wigtownshire, a Stewartry de Kirkcudbright, muito do Ayrshire. Carrick, sua porção setentrional, era povoada provavelmente por descententes dos Pictos. Galloway era um principado de tamanho substancial antes de ser amputado para que surgisse o condado de Carrick.

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