9 de out. de 2008

O Dia do Perdão

No dia do perdão, o Yom Kippur relembra a história de quando Moisés desceu do Monte Sinai para encontrar Arão e os israelitas que admiravam o bezerro de ouro. Moisés ficou furioso. Em vez de adorar Deus, seu povo estava adorando uma imagem. No auge da fúria, ele jogou os dez mandamentos no chão e quebrou as tábuas de pedra. Moisés voltou para o Monte Sinai em busca do perdão de Deus para os israelitas e pediu novas tábuas de pedra. Deus perdoou os pecados do povo e, com um novo par de tábuas de pedra, Moisés retornou para os israelitas no décimo dia do Tishri e disse:
E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez dias do mês, jejuareis e nenhum trabalho fareis nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós. Porque nesse dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos vossos pecados perante o Senhor. É um sábado de descanso para vós, e devereis jejuar; isto é estatuto perpétuo. (Levítico 16:29-31)
A vida de um judeu depende de sua decisão de se tornar melhor durante os perídos de feriado sagrado por meio do teshuvah (penitência), tzedakah (caridade) e tfiloh (orações).
Conhecendo o feriado
De acordo com o Talmud, a celebração do Yom Kippur pode purificar somente os pecados entre o homem e Deus. Para limpar os pecados contra outra pessoa, você deve falar com aquela pessoa para buscar uma reconciliação. No mínimo, você deve pedir desculpas por suas ações e, se possível, corrigir qualquer ato errado que você tenha cometido. Isso deve ser feito durante os dias de esplendor, antes da realização do Yom Kippur.
Além do teshuvah, o período de feriados divinos é uma época de grande generosidade e tzedakah. Um antigo costume, conhecido como Kapparot, é bastante comum na manhã anterior ao Yom Kippur. Nem todos os judeus seguem esse costume. A prática mudou um pouco durante os anos, mas o significado permanece o mesmo. É um ato de penitência para os pecados cometidos. Para realizar um Kapparot hoje, você pega um lenço ou um pequeno saco de tecido cheio de dinheiro (simbolizando a compensação por seus pecados) e o balança sobre sua cabeça (como se estivesse oferecendo-o para Deus) ao mesmo tempo que faz uma oração. Depois de realizar o ritual, você dá o dinheiro para caridade.
O Yom Kippur é conhecido como o "sábado dos sábados". Por isso, ninguém deve trabalhar nesse dia. Há outras restrições também. A menos que existam recomendações médicas, no Yom Kippur a pessoa deve fazer um jejum de 25 horas, que começa no fim do dia anterior ao Yom Kippur e termina na noite do dia do feriado. Nesse período, você não deve consumir nenhuma comida ou bebida, inclusive água. De acordo com o Talmud, o jejum também inclui abster-se de:
tomar banho ou ducha (qualquer tipo de banho, na verdade. Alguns judeus se permitem lavar as mãos depois de ir ao banheiro);
utilizar perfumes, óleos, loções, desodorantes (em inglês) ou cosméticos no corpo;
usar sapatos de couro (é muito comum ver homens e mulheres usando calçados de lona);
atividade sexual.
Para se preparar para o jejum, uma refeição semelhante à refeição sabática tradicional é servida. Eles abençoam o Chalá, um tipo especial de pão muito comum nas celebrações judaicas. Depois da refeição, é comum acender velas. Acender as velas e abençoar o chalá são ações tradicionais que inauguram os dias santos.
Este homem usa um solidéu branco e um xale (talis).
Para simbolizar a pureza, é comum que homens e mulheres vistam branco no Yom Kippur. Por exemplo, os homens usam solidéus brancos (kipás, quipás ou yarmulkes). Também simbolizando a pureza, os rolos do Torá podem estar enrolados em panos brancos e a arca (onde os rolos do Torá são armazenados) é enrolada em uma cortina branca.
Serviços
Diferentemente dos eventos semanais "tradicionais" do Shabbat, que acontecem na noite de sexta-feira e na manhã do sábado, os eventos dos feriados religiosos são únicos. Esses eventos são mais longos do que o Shabbat, começam bem cedo (às 7 ou 8 horas da manhã) e duram até a tarde. No Yom Kippur, uma pausa é feita antes que os eventos da tarde e da noite comecem. Um livro de orações especiais, chamado Machzor, é utilizado nos eventos do Yom Kippur (e do Rosh Hashaná). O Machzor contém as orações específicas para os feriados mais importantes.
Durante esse período de 24 horas no Yom Kippur, existem cinco eventos:
Kol Nidrei - evento da noite que marca o começo do Yom Kippur
Shacharit - evento matutino que acontece cedo, com a leitura do Torá
Musaf - segundo evento matutino de leitura do Torá
Mincha - evento vespertino de leitura do Torá e do Livro de Jonas
Neilah - evento final
O primeiro evento, Kol Nidrei, começa antes do pôr-do-sol, quando o Sol ainda está no horizonte. Os homens vestem xales de lã, conhecidos como talit, nos eventos Kol Nidrei. Isso é significativo porque os talit não costumam ser utilizados nos eventos noturnos. Traduzido como "todos os votos", o evento Kol Nidrei começa com o cantor e a congregação dizendo a oração Kol Nidrei três vezes. Esse evento libera você de quaisquer votos que tenha feito a Deus no ano passado que não vai conseguir manter no ano seguinte.
Depois de usar o tallit nos eventos Kol Nidrei, os homens deixam seus xales na sinagoga, prontos para serem usados na manhã seguinte
Para chegar à redenção, a pessoa deve se confessar. O Vidúy, ou confissão, é uma parte importante do Yom Kippur. Os dois tipos de confissão, Ál chét e Ashamnu, ajudam os judeus a repensarem suas transgressões. Os pecados são recitados e expressados no plural ("Nós temos culpa de...") para que o indivíduo e toda a comunidade possam se redimir e procurar perdão de uma só vez. O Slichot (preces penitenciais) também é recitado no primeiro evento e durante o período do Yom Kippur.
O evento matutino, Shacharit, começa cedo e as orações continuam durante o dia. Até o Musaf, os fiéis recitam uma oração especial, o Yizkor ("Que Deus lembre"), e fazem uma oração (tzedekah) em memória daqueles que partiram. Geralmente, os judeus acendem a vela Yarzheit antes do evento de Kol Nidrei para lembrar aqueles que morreram e deixam a vela queimar até a noite seguinte, quando o pôr-do-sol anuncia o fim do feriado de Yom Kippur.
Os portões (do paraíso) estão "abertos" no começo da Rosh Hashaná - assim se inicia a comunicação dos pecados do homem a Deus. A celebração do Yom Kippur termina com o Neilah, que significa "fechando o portão." A arca permanece aberta durante todo o evento, indicando que os portões do paraíso estão abertos para as orações finais. Como a arca permanece aberta, é comum que as pessoas continuem em pé durante o Neilah. É nesse momento que os judeus fazem a prece final por perdão, pedindo a Deus que sele seus nomes no "Livro da Vida" e traga a promessa de um bom ano novo.
O shofar é tocado na sinagoga para anunciar a conclusão do Neilah e o fim do feriado de Yom Kippur
O Neilah acaba com o som alto do shofar e a congregação grita: "Le'shanah haba'ab bi-Yerushalayim" - "Até o próximo ano em Jerusalém!"

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